|
|
|
|
8 mm - Oito Milímetros
Recomendo também para adolescentes - e não
somente para adultos, como foi indicado para
exibição nos cinemas brasileiros - este thriller
produzido e dirigido por Joel Schumacher e
protagonizado por Nicolas Cage.
"8 mm" (8mm - Eight Millimeter - EUA, 1999 -
123') tem no elenco, ainda: Joaquin Phoenix,
James Gandolfini, Peter Stormare, Anthony Heald,
Chris Bauer e, interpretando a esposa do
detetive particular Tom Welles (Nicolas Cage),
Catherine Keener.
Sem apelação, mas com realismo e denunciando a
crueldade do submundo, aborda o trágico
desaparecimento de crianças e jovens que, em sua
maioria, vão cair na prostituição, nos filmes
pornográficos...ao invés de realizarem os seus
sonhos de estrelato em Hollywood (Los Angeles).
Esse é o contexto da trama, uma história
policial envolvendo pessoas de todos os níveis
sócio-econômicos.
A investigação objetiva encontrar a verdade
sobre um daqueles filmes em que o sadomasoquismo
inclui a morte de suas vítimas indefesas ("snuff
movies").
Suspense, ação; clima de tensão do começo ao
fim; violência em um ambiente contemporâneo,
"controvertido e constrangedor".
Destaques: tema, direção, interpretação,
roteiro; importância da cena familiar, íntima,
no início e nos momentos finais do filme; a
consciência, a coragem e o senso de
responsabilidade do personagem de Nicolas Cage.
"...um pequeno rolo de filme de aparência inócua
transforma sua vida, fazendo-o ingressar em um
sórdido caminho até os recantos mais obscuros da
sociedade". (...) "em sua busca incansável
através de uma bizarra e perturbadora trilha de
evidências, tentando descobrir o destino de uma
completa estranha: uma garota que começa a
perturbar sua consciência e imaginação".
Nicolas Cage disse ao diretor, segundo
informações da produção, que pretendia "fazer um
trabalho minimalista na tela e ao mesmo tempo
transmitir tensão e sentimento. Acho que para
Joel era importante que o filme fosse muito
pessoal. Ele queria fazer um filme determinado e
audaz. E acho que conseguiu. Oito Milímetros é
um filme corajoso no qual Joel se arriscou
muito".
Schumacher comentou: "Joaquin Phoenix é único,
um desses jovens surpreendentes, com talento e
habilidade extraordinários, mas que por trás
desse talento há um coração e uma alma. Existe
pureza em Joaquin".
"Catherine Keener é um dos segredos mais bem
guardados de Hollywood há muito tempo, e ela não
aceita qualquer projeto. Quando ela veio
trabalhar conosco, eu fiquei realmente
entusiasmado porque queria que Amy Welles fosse
uma mulher inteligente, íntegra e forte.
Catherine é uma pessoa formidável, com uma alma
muito generosa."
"Oito Milímetros é uma aventura, uma descida ao
inferno, com a diferença de que não estamos na
selva", observa Cage. "Estamos em nosso próprio
ambiente. Tudo acontece ao nosso redor, a
qualquer hora, a poucas milhas de distância. Se
você pega uma rocha e olha por baixo, vai
encontrar larvas, coisas de que não se gosta."
"Tom Welles é como um símbolo da consciência
coletiva dos Estados Unidos", continua Cage.
"Acabou de ser pai de uma menina e quer um mundo
melhor. Quer que a comunidade seja um bom lugar,
mas o mundo onde trabalha o faz revelar o lado
obscuro que tem dentro de si. É como Nietzsche
disse: ao matar monstros tome cuidado para não
se tornar um também. (...) Por definição, atores
são detetives. Você tenta obter o máximo de
informações possíveis e depois conta a história.
Fico aliviado que Oito Milímetros só tenha
levado quatro meses para ser feito, pois se
tivesse levado dois anos, teria sido muito
difícil."
"Em Oito Milímetros, a questão do submundo do
sexo é crucial para contar a história de como o
instinto sobrepuja a bondade e a civilidade na
vida."
"Todavia, foi importante para Joel Schumacher e
Nicolas Cage que Oito Milímetros polemizasse
vários assuntos complicados dos EUA de hoje.
"Pode-se dizer que a pornografia é um mundo
asqueroso", diz o diretor, "e é, mas quem apóia
essa indústria? Só neste país, bilhões de
dólares são gastos a cada ano no ramo da
pornografia, algo como novecentos milhões de
dólares só no telesexo. Existem clubes de sexo,
revistas e jornais com centenas de anúncios e
fotos de pessoas que alimentam esse mundo, lojas
especializadas em todas as grandes cidades, com
roupas e acessórios de tortura e submissão, sem
mencionar as casas de massagem, clubes de
estriptease. É um segredo sujo, mas há muitas
pessoas participando disso e ao mesmo tempo
fingindo que só os outros participam."
"Mas o que Oito Milímetros destaca", enfatiza
Schumacher , "é o aspecto vulnerável e mortal da
indústria que explora menores. O que é realmente
trágico é a quantidade de pornografia infantil
que existe, como a rede é grande e como as
pessoas estão determinadas a perpetuar isso. Há
um grande contingente de jovens que chegam a Los
Angeles achando que talvez sejam os próximos
astros da televisão ou do cinema e acabam
atraídos para a pornografia, por pessoas desse
meio. Isso parece que está crescendo. O número
de crianças envolvidas vem aumentando devido à
desestruturação familiar e problemas econômicos.
É horrível. "
As filmagens tiveram locações em três estados.
Foi criado "um visual de estilo próprio de
maneira que o filme atraísse pelo perigo e
obscuridade." (...)
"Tom Welles inicia sua história em um mundo
normal e depois é sugado para as profundezas do
submundo."(...) "Você não imagina até onde a
verdade pode te levar."(...)
"Tom Welles sente o peso desse mundo sobre seus
ombros , de maneira que, em cada quarto de
hotel, em cada cidade que vai à procura de
respostas para o mistério central, os tetos
ficam cada vez mais baixos e os cenários cada
vez mais ricos, profundos e texturizados, até
que chega a um tipo de inferno."(...)
"Acendendo uma vela...amaldiçoando a
escuridão."(...) "...os temas sombrios de Oito
Milímetros estavam sempre presentes durante a
produção, particularmente nos dias e noites de
filmagem em Hollywood e no centro de Los
Angeles, onde a equipe de produção encontrava
nas ruas garotos e garotas degradados pela
vida." (...)
Chris Bauer, que interpreta Machine, comentou:
"Espero que o público saia do cinema acreditando
que esta história pode acontecer e que realmente
acontece. Espero que deixem a imaginação fluir
até que possam identificar as situações em seus
familiares, no casamento, na escola ou neles
mesmos e avaliem o quanto são sensíveis,
amorosos e atenciosos com a sociedade."
"Se você lê uma parábola ou um conto, de
repente começa a pensar em sua própria vida.
Pensa no que faria numa situação semelhante",
continua ele. "Espero que o público imagine o
que faria se fosse Tom Welles. Nós não damos
instruções de como, ao enfrentar o mal que
algumas vezes encontramos, se pode proteger a
própria família e o próprio coração."
Um filme perturbador, sobretudo porque se refere
a temas infelizmente bem atuais.
Theresa Catharina de Góes Campos
Obs. Assisti ao filme no cinema, mas pode ser
encontrado em vídeo Columbia Tristar. |
|
|
|