A SAGA DA MULHER CONTEMPORÂNEA
Faustino Vicente*
O século passado notabilizou-se por grandes transformações
científicas,tecnológicas, econômicas e sociais, tendo os historiadores destinado
um capitulo especial para o despertar da mulher, na busca de seus direitos e
resgate de valores subjacentes.Consciente,e inconscientemente, a mulher deu à
luz a maior revolução mercadológica das últimas décadas levando as lideranças
empresariais a descobrirem o riquíssimo potencial do "produto" que mais agrega
valor para a mulher contemporânea - a praticidade.
Fruto desse valor percebido surgiram os alimentos semi-preparados e prontos, as
roupas feitas para todos os gostos e bolsos,os eletrodomésticos de grande
utilidade no lar e uma gama enorme de serviços domiciliares. A concentração de
produtos e serviços oferecidos pelos shopping centers, os transportadores de
escolares, o delivery e tantas outras ofertas que tiveram como alvo principal
poupar tempo - única "matéria-prima" que não tem reposição - daquelas que
cumprem, no mínimo, duas jornadas de trabalho. Ah! Não podemos nos esquecer das
facilidades da sedutora Internet e do irresistível celular, que revolucionaram o
sistema de comunicação.
A instituição do Dia Internacional da Mulher nos permite crer que elas têm,
sim,o que comemorar,porém entendemos que a data deva se constituir num fórum de
debates sobre a não observância de determinados direitos, que continuam
privilegiando os homens. Um dos exemplos mais gritantes é o da não aplicação do
princípio da isonomia salarial. Ciente dos desafios que a esperam, a mulher tem
investido em sua formação acadêmica, competência técnica e habilidades
ecléticas, fatores que a faz referência como formadora de opinião
e,conseqüentemente,agente de mudanças. Esta realidade despertou a percepção dos
especialistas em marketing,que se convenceram do poder de decisão da mulher na
hora de escolher a marca de um determinado produto.
Entre as diversas causas do avanço da participação da mulher no mundo dos
negócios destacamos o seu mérito pessoal, a escalada de desemprego, o sonho da
independência financeira e econômica e a ajuda no orçamento familiar.
Colaboraram, também, a perda do poder aquisitivo,o desejo natural de assegurar
melhor padrão de qualidade de vida aos filhos e a certeza de que poderia
desempenhar, com a mesma eficácia e dignidade, tantas outras tarefas como a de
dona de casa - que aliás, ela nunca abandonou. Suprir essas necessidades e
acreditar no sonho de dias melhores motivam as mulheres a "trabalhar
fora",apesar da injustiça salarial caracterizar grande parte do universo
feminino.
Servidoras públicas,profissionais liberais e funcionárias de empresas
que,realmente, praticam os princípios da responsabilidade social são alguns
exemplos de isonomia salarial. É justo reconhecer que a mulher é alma do
Terceiro Setor,cujo desenvolvimento tem resgatado a cidadania de um sem número
de pessoas. A sua sensibilidade e a sua capacidade de se indignar diante das
injustiças sociais mostram que ela é mais generosa em compartilhar, com o
próximo, o mais precioso tesouro do planeta - o conhecimento.Ela prova que a
parte mais importante do corpo humano não é o cérebro nem o coração, mas o ombro
- o ombro amigo.
Já não são as mulheres que seguem as tendências mundiais,mas as tendências é que
buscam inspiração no novo estilo de vida redesenhado pela mulher. O essencial,
para mulheres e homens, é a consciência de que somos da mesma natureza e que
nossas diferenças nada mais são do que características complementares,à
construção de uma sociedade sem preconceito, sem discriminação e sem violência à
mulher - chagas sociais,ainda,vivas no mundo todo. Finalizamos com uma sonora, e
prazerosa, comprovação: as belas estão se tornando, cada vez mais, "feras".
*Faustino Vicente - Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos - e-mail:
faustino.vicente@uol.com.br - tel.(011) 4586.7426 - Jundiaí (Terra da Uva) SP