VIDA e CINEMA

                                                                                                                       *Theresa Catharina  G. Campos

          Ao idealizar e fundar o Cineclube dos Educadores aqui em Brasília, considerei uma das prioridades a troca de informações pessoa a pessoa, por via telefônica e fax, além de pequenos informativos; buscando aproximar os seres humanos, numa presença física prazerosa de comentários sobre filmes, sua produção, direção, fotografia, trilha sonora, seu elenco, marketing e abordando aspectos vivenciais. Como professora universitária e jornalista responsável pela área de comunicação do grupo, com entusiasmo e regularidade faço os contatos necessários com os gerentes e divulgadores, obtendo o material necessário à divulgação. O fundamental -e  agradável também- é assistir às obras cinematográficas que enriquecem a nossa vida, nos sensibilizam, nos levam à reflexão crítica.

A  importância do lazer  como direito de todo ser humano tem sido negligenciada, sobretudo nos países em desenvolvimento, onde as massas lutam diariamente pela sobrevivência. Cabe às elites, portanto, assumirem a responsabilidade de, ao mesmo tempo em que se engajarem no processo de democratização autêntico (o que não ignora os famintos, os desabrigados, os sem-terra, os analfabetos, os injustiçados em qualquer aspecto...), se empenharem, concomitantemente, em prol do lazer que educa a sensibilidade, informa, socializa, promove  intercâmbio cultural, conscientiza.

Caminham lado a lado o cinema e a vida, pois a arte se confunde com a própria existência, que reflete e/ou modifica, numa transformação de criatividade. Erram os que temem "perder tempo" ao se dedicarem a momentos de lazer. Os bons  filmes têm um enorme potencial: exercitam o cérebro e o coração; abrem possibilidades intelectuais; podem ser instrumentos de cidadania universal. Alienação resulta do isolamento sem justificativa, e não, do olhar e pensamento  ativos, à procura de emoções, informações e questionamentos.

As obras cinematográficas nos indicam opções em alguns gêneros; em outros, nos fazem rir, muitas vezes de nós mesmos, revelando sobre nós o que nos recusávamos a ver; há ocasiões em que  nos perturbam com tal profundidade que suas imagens e palavras nos acompanham  durante um longo tempo; a comoção que se apodera de nós até nos surpreende, porque já nos tínhamos esquecido de chorar. Mesmo quando não se trata de um documentário, um filme-verdade, uma dramatização da realidade, pode nos sacudir com intensidade inesquecível.

Vida e cinema: embora adornados por imaginação, fantasia, criatividade ficcionais...são realidades que podemos tornar inseparáveis!

Brasília, 13 de junho de 1995

*Theresa Catharina  é Diretora do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Distrito Federal
 e Membro da Comissão de Ética e Sindicância