O    CINEMA  E  O  DESAFIO  DE   SUA  DICOTOMIA

 Theresa  Catharina  de  Góes Campos

Divertimento e conscientização, prazer e denúncia, fantasia e registro histórico... são metas dos cineastas, acompanhados  de suas equipes  e procurando se comunicar com a platéia universal. Quanto aos espectadores, buscam ficção e realidade, perturbação e fuga da rotina, o conhecido e  o insólito, o riso e as lágrimas, os sentimentos, as
emoções  e até a fria objetividade. Alguns, fixam-se em uma posição, outros, aceitam a diversidade que a arte cinematográfica oferece. Algumas pessoas reagem às mensagens, outras, defendem até o fim a sua individualidade, fazem questão de se colocarem à margem ou, mais
especificamente, na margem oposta.Nas contradições que, filosoficamente, não são contradições, mas riqueza de temas e caleidoscópio de perspectivas, encontramos a importância do cinema.

Como aceitar, portanto, que instituições educacionais - desde escolas de primeiro grau a universidades- negligenciem a presença dessas imagens e sons em seu dia-a-dia? Como entender um currículo sem a inclusão de atividades de formação de platéia cinematográfica? Como esquecer a reflexão crítica, íntima e profunda, provocada pelo chamado cinema-verdade? Como deixar, na formação de alunos e no crescimento deles e seus professores, esse vazio (invisível?) que resulta da ausência de filmes em seus auditórios? Como entender os espaços para entretenimento sem a fantasia, a criatividade do cinema?

Visão universitária e universal fundamentada no estudo, na pesquisa e na extensão, a comunidade universitária (docente e discente) compreende sua  vocação universal porque conhece as exigências do tempo e da realidade local, regional e nacional. Já compreende que a educação é contínua, abrangente e permanente, sem desviar-se de seus objetivos específicos de especialização. Para aqueles que não estudam e/ou fazem cinema, este assume o papel de instrumento complementar em seu processo educacional.

Uma contribuição sócio-econômica  do cinema está no fato de que, ao contrário do que está  acontecendo em outras áreas, assoladas por desemprego crescente, os filmes abrem muitos postos de trabalho, ocupados por profissionais que demonstram - e aperfeiçoam continuamente - qualidades de criatividade e sensibilidade.

Theresa Catharina de Góes Campos