SOLIDARIEDADE
Correio Braziliense Brasília, sábado, 05 de janeiro de 2002 SOLIDARIEDADE Ato simples, grande ação Entre dezembro e fevereiro, a reserva de sangue nos centros de coleta do DF cai pela metade. É a época em que mais precisam de doadores. Saiba como ajudar Ullisses Campbell Da equipe do Correio Nehil Hamilton Míriam Hohl sente um frio na barriga na hora de levar a agulhada, mas já doa sangue há dez anos. Se você tem entre 18 e 60 anos, goza de boa saúde e está a fim de começar o novo ano com uma boa ação, doe sangue! Nesta época do ano, os hospitais públicos e privados ficam desesperados em busca de doadores. Na última quinzena de dezembro, a coleta de sangue sofreu baixa de 50%. E é justamente no período de festas e ressaca, quando acontecem muitos acidentes e cirurgias de emergência, que mais se precisa desse precioso líquido. No Hospital de Base, o trimestre dezembro, janeiro e fevereiro revela um quadro crítico. Há 20 pacientes na hematologia precisando urgentemente de sangue e a maioria corre risco de vida. ''Os doadores sumiram. Nós estamos apelando para que apareçam pessoas aptas a doar sangue ainda hoje'', alerta a técnica em hematologia Ahistir Mara da Silva. A situação mais complicada é a de dez pacientes com leucemia não controlada e de duas crianças recém-nascidas que estão entre a vida e a morte na UTI pediátrica. ''As pessoas que estão dispostas a nos ajudar têm que aparecer aqui logo'', insiste Ahistir. O Hospital de Base realiza mais de 1,5 mil transfusões por ano. No Hospital Regional de Taguatinga, o início do ano também está sendo difícil para os pacientes que precisam de sangue. Nos dias úteis que separaram o Natal do Ano Novo, o número de doadores quase zerou. Houve dia em que o banco de sangue não recebeu sequer uma gota. A média diária em dias comuns fica em 4,5 litros. Outros números que vêm apavorando os técnicos que trabalham em banco de sangue são os índices de pessoas que se apresentam para doar sangue com ''segundas intenções''. No Hemocentro, esse índice esbarra em 20%. Essas pessoas, na verdade, desejam saber se estão com doenças sexualmente transmissíveis ou outra doença qualquer. No lugar de procurarem um laboratório, elas vão até o Hemocentro. No entanto, quando o paciente deixa escapar sua verdadeira intenção, ele é descartado na primeira triagem e nem chega a levar a picada da agulha. De todas as pessoas que chegam a doar sangue, cerca de 25% não têm o líquido aproveitado porque possuem algum tipo de doença, identificada apenas no processo de triagem ou porque apresentam exames laboratoriais alterados por conta do uso de medicamentos ou de bebida alcoólica. Uma quantidade reduzida de doadores tem o sangue descartado por causa de viroses e infecções no estômago ou intestino. Somando o índice de sangue que é coletado e não é aproveitado com o de pessoas que vão até o banco de sangue fazer doação apenas para saber se tem doenças, conclui-se que 45% das pessoas que procuram o Hemocentro fazem a viagem à toa. Ajuda Para a estudante Ana Queiróz de Araújo, 18 anos, quem doa sangue doa vida. Foi com esse argumento que ela conseguiu convencer o namorado Fernando Montalvão, 20, a comparecer ao Hemocentro. ''Sempre tive vontade de doar sangue, mas tinha receio. Como vou fazer Medicina, achei que o primeiro passo a ser dado seria ajudar os pacientes que precisam'', diz Ana. Nem sempre se precisa de uma justificativa para doar sangue. O militar da Aeronáutica Edmilson dos Santos, 27 anos, faz esse ato humanitário há dois anos. ''Ninguém me induziu. Senti vontade e vim doar. A gente se sente muito bem sabendo que está ajudando pessoas doentes''. A aposentada Míriam Hohl, 54 anos, confessa que sente medo, muito embora já faça esse ato há dez anos - uma vez a cada seis meses. ''Faço para ajudar, mas dá um frio na barriga na hora que estão tirando o meu sangue e depois sinto fraqueza'', revela. A gerente de Sangue da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Beatriz MacDowell Soares, ressalta que muitos serviços mantêm estoques estratégicos de sangue para serem usados nas épocas de feriados, mas a procura nesse período é muito grande. A doação no setor público, segundo a Anvisa, chega a 1,9 milhão de coletas em todo Brasil, o que totaliza cerca de 850 mil litros de sangue. ''No geral, não há falta de sangue no país. Mas estamos enfrentando um momento crítico com os feriados de fim de ano. Os estoques sofreram uma baixa'', explica Beatriz. Onde doar sangue Hemocentro Endereço:
Setor Médico Hospitalar Norte. Quadra 3 Conjunto A Bloco 3 Horário: das 7h às 16h Hospital de Base Endereço: Setor Médico Hospitalar Sul. Quadra 101 Telefone: 325-5030 Horário: das 7h às 9h30 Hospital Regional do Gama Endereço: Área Especial Setor Central Gama Telefone: 385-9775 Horário: das 7h às 9h Hospital Regional de Taguatinga Endereço: Área Especial Nº 24, 3º andar. Taguatinga Norte Fone: 353-1020 CONDIÇÕES PARA DOAR
COMO FUNCIONA Antes
da doação é feita triagem clínica e hematológica. Nesta etapa, são
aferidos a pressão arterial do doador, a temperatura, pulso, altura e
peso. O
terceiro passo é a coleta propriamente dita. Essa etapa tem que ser feita
por um profissional devidamente habilitado e o material utilizado deve ser Depois da doação, o paciente deve receber um lanche com líquido suficiente para repor suas energias e restabelecer o volume de sangue no organismo. CUIDADOS Antes Ao contrário do que muita gente pensa, o doador não deve comparecer no dia da doação em jejum. Recomenda-se que ele coma frutas e líquidos doces. No Hemocentro, os doadores recebem uma rapadura antes de começar o procedimento. Tudo para aumentar a glicose no sangue e evitar desmaios. Depois Permanecer pelo menos 15 minutos no local; ingerir bastante líquido; não tomar bebidas alcoólicas por 12 horas; evitar esforços físicos exagerados e trabalhos que exijam muita atenção FIQUE SABENDO Há uma série de mitos que cercam o ato de doar sangue. Ignore todos eles: doar sangue não emagrece nem engorda, não vicia e muito menos afina ou engrossa o sangue. Atenção!
Se você está pensando em doar sangue para saber se está com Aids, não
leve essa idéia em frente porque vai prejudicar o sistema de coleta. O
ideal é que você procure o Centro de Testagem Anônima. O teste é grátis
e sigiloso. Endereço: Mezanino da Rodoviária, na antiga sala do museu. © Copyright CorreioWeb Fale com a gente Publicidade |