É de verdade

Correio Braziliense

(Suplemento "Lugares")

Brasília, quarta-feira,

23 de janeiro de 2002

É de verdade

Teve gente que ficou na dúvida se o cenário de O Senhor dos Anéis era real ou criado por computador. Graças ao filme, os brasileiros descobriram que a Nova Zelândia é bem mais que o reduto dos esportes radicais

Thiago Vitale

Da equipe do Correio

Com raras exceções, a Nova Zelândia era um país de pouquíssimo espaço na mídia brasileira. O turismo de tupiniquins para o habitat dos kiwis, aves-símbolo da região, não se compara ao fluxo de pessoas que visita a Europa ou os Estados Unidos. Mas em 1º de janeiro, os brasileiros começaram a descobrir os encantos da Nova Zelândia. Naquele dia, a megaprodução O Senhor dos Anéis, do diretor neozelandês Peter Jackson, baseada na obra de J.R.R. Tolkien, estreou no Brasil.

As paisagens do filme fazem a platéia duvidar se o cenário é natural ou feito em computador, tamanha a beleza dos vales, rios, lagos, árvores e, principalmente, montanhas do país que representa a Terra-Média, o mundo imaginado por J.R.R. Tolkien. O hobbit Frodo Bolseiro (criatura menor que um anão e principal personagem da saga de Tolkien) e seus companheiros travam batalhas contra o mal em locais belíssimos e de fácil acesso aos turistas que estiverem no país.

Frodo é interpretado por Elijah Wood, que não poupou elogios ao país: ''A Nova Zelândia tem todas as formações geológicas e as paisagens que se consegue imaginar e algumas que não se consegue'', empolga-se.

As expectativas para o crescimento do turismo são tantas que o governo do país criou o cargo de ministro dos Anéis para estimular e ligar o país ao filme de Peter Jackson. O ponto de partida do chamado ''roteiro do anel'' pode ser mesmo na maior cidade neozelandesa, Auckland, na Ilha do Norte, centro financeiro e de maior população do país, com quase 1 milhão de habitantes.

Em Auckland pousam os principais vôos internacionais que chegam à Nova Zelândia. Nas redondezas da cidade está Matamata, a região que serviu de cenário para o Vila dos Hobbits, onde moram Frodo, seus parentes e amigos. Matamata é um centro rural com dezenas de típicas e pequenas fazendas. Para que a Vila fosse perfeitamente reconstituída no filme, os produtores plantaram 5 mil metros quadrados de jardins um ano antes do início das filmagens. ''A vida rural dos hobbits tornou-se real. Isto significa que não tive de usar a imaginação, pois a Vila dos Hobbits estava lá para que Gandalf se sentisse em casa'', diz Ian McKellen, que interpretou o mago no cinema.

Os vulcões e a montanha

Duas horas de carro ao sul de Auckland, está o Parque Nacional Tongariro, tombado como Patrimônio da Humanidade. Nele estão três vulcões: o Ruapehu (ainda ativo), o Tongariro e o Ngauruhoe. No parque foram filmadas as cenas que mostram a Montanha do Fogo de Mordor. Dois dos momentos mais importantes da história se passam no local.

No inverno, o parque é a melhor opção para quem gosta de esquiar. Nas épocas mais quentes, caminhadas de três ou quatro dias são ótimas para ver de tudo: planaltos desérticos, vulcões, planícies de pequenos arbustos e florestas densas.

Do parque nacional, a melhor pedida é viajar até o sul da Ilha do Norte e visitar a capital, Wellington, que não é lá muito atraente em termos turísticos, mas foi fundamental para as filmagens de O Senhor dos Anéis. As paisagens um pouco afastadas da cidade emprestaram sua beleza para as cenas em que a aventura acontecia em Valfenda, um dos pontos mais importantes da história.

Em Valfenda, a terra dos Elfos (criaturas imortais parecidas com os homens), se decide destruir o anel, para que o objeto não caísse nas mãos do Senhor do Escuro - o que significaria a destruição dos povos da Terra-Média. Outras cenas do filme se passam na região de Wellington. São dezenas de rápidas tomadas.

Ainda em Wellington, cidade natal do diretor Peter Jackson, está o Parque Regional Kaitoke, ao norte da capital. A cena em que Liv Tyler, no papel da enigmática Arwen, faz uma magia e vence os Cavaleiros Negros no rio Anduin é filmada no parque. Outra cena lindíssima é a em que Frodo Bolseiro e seus aliados remam em canoas por um rio grandioso, o Rivendell.

O Forte Dorset, também em Wellington, é palco para a cena que reproduz o
Bri, a pequena cidade onde os quatro hobbits passam a noite, logo no início do filme. Pode-se visitar locais muito similares ao bar em que Frodo se mete na primeira encrenca da história. Mas a Ilha do Norte não foi a única utilizada nas filmagens. A do Sul também foi palco de outras cenas importantes. A jornada continua na cidade de Queenstown, a capital dos esportes radicais. Nela, foram feitas filmagens que reproduzem as Montanhas de Lorien, a floresta governada por Galadriel, a líder dos Elfos, interpretada pela atriz Cate Blanchett. Encrustada em meio aos Alpes do Sul, as imagens da região impressionam.

Cerca de 40 minutos de carro de Queenstown está a pequena vila de Glenorchy, onde moram apenas 200 pessoas. A cidadezinha, apelidada de paraíso pelos neozelandeses, é palco para duas filmagens importantes. Uma delas mostra o Pico da Visão, onde Frodo se isola e tem alucinações na segunda metade do filme. A outra é parte das tomadas que representam Lothlorien, a cidade dos Elfos.

Nessa cidade, há duas atrações imperdíveis: os jet boats no rio Dart e os passeios a cavalo às suas margens. Famosos como o ator Russell Crowe sãoapaixonados por Glenorchy.

Albergues e luxo

A Nova Zelândia é um país muito bem preparado para receber seus turistas. Todas as cidades têm centros de informações que ajudam com hospedagem, transporte e alimentação. Nas maiores cidades há opções tanto para mochileiros, que costumam optar pelos albergues, quanto para quem prefere uma estadia mais luxuosa. A vocação da ilha para esportes radicais atrai grande número de pessoas que economizam dinheiro para gastar com a adrenalina.

Aos mais empolgados, basta acessar o site www.vip.co.nz e comprar o mochileiros VIP (em inglês, VIP Backpackers). Por R$ 39,60 compra-se o VIP, que garante desconto nos albergues de todo o país. As informações sobre os albergues são encontradas no site www.yha.org.nz.

AUCKLAND

A maior cidade da Nova Zelândia tem mais de 200 endereços para hospedar seus turistas. As opções variam muito. Desde o luxuoso Sheraton Auckland Hotel & Towers, um cinco estrelas com diárias que chegam a $NZ 155,00, até albergues como o Marco Polo BBH Backpapers Inn, com diárias de $NZ 10,00 a $NZ 30,00.

PARQUE NACIONAL TONGARIRO

O Tongariro é um dos maiores parques da Nova Zelândia e tem várias opções de hospedagem. Um dos melhores é o Skotel Alpine Resort, com dezenas de chalés aconchegantes e com vista para as montanhas cobertas de gelo. As diárias
variam entre $NZ 20,00 e $NZ 125,00.

WELLINGTON

Na capital do país, também há inúmeras formas de hospedagens. Uma das mais luxuosas é o Hotel Willis Lodge, com diárias a partir de $NZ 89,00, podendo chegar a $NZ 130,00. Mas os albergues também estão presentes. No Beethoven House BBH Backpackers Hostel gasta-se de $NZ 10,00 a $NZ 30,00, por uma noite.

QUEENSTOWN

Na cidade dos esportes radicais também há variedade de hospedagem. Os preços podem ser altos, com diárias de $NZ 295,00 a $NZ 395,00 no Blue Pears Apartments, a preços mais agradáveis aos bolsos, como a noite no Deco BBH Backpackers Hostel, que não sai mais cara do que $NZ 30,00.

GLENORCHY

A menor cidade de nosso roteiro tem acomodações razoáveis. O melhor hotel da cidade é o Glenorchy Hotel, bem ao estilo hospitaleiro e aconchegante dos hotéis country. A diária é bem acessível e varia de $NZ 14,00 a $NZ 79,00. Outra boa opção de estadia na cidade é a Blancket Bay, uma pousadinha com vista para o rio Glenorchy, famosa por receber turistas famosos, como o ator Russell Crowe. O preço varia de acordo com a época do ano.

SERVIÇO

Moeda

Dólar neozelandês ($NZ 1 vale cerca de R$ 1,00)

Telefone da Embaixada

248-9900

Sites

Transporte organizado

Rápido e barato, o trem é um dos melhores meios de transporte para viajar pela Nova Zelândia. Nos albergues, pode-se fazer reservas. A rota Auckland-Parque Nacional Tongariro-Wellington é tranqüilamente feita por trem. De Wellington tem que se escolher entre avião, balsa e barco para atravessar para Ilha do Sul.   Pelo mar, há duas opções: um barco com cinema, bares e cafés, que demora três horas para fazer a travessia, ou uma balsa que só está disponível no verão e é um pouco mais rápida. A diferença é que a segunda transporta carros. Dá para fazer a travessia de avião. Mas não vale a pena. De Picton, passando por Queenstown até chegar a Glenorchy os trens estão sempre à disposição do turista.

Para quem não gosta deles, existe uma opção excelente. É a Kiwi Experience, uma linha de ônibus com dezenas de roteiros de viagens. É fácil organizar o roteiro do anel pela Kiwi Experience. Os ônibus pegam os turistas na porta dos hotéis e albergues e levam até o destino desejado. O passe do Kiwi vale por um ano. Para informações sobre os diferentes passes da empresa, basta acessar o site www.kiwiexperience.com.

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