Líquido da vida

Correio Braziliense

Brasília, quinta-feira,

14 de fevereiro de 2002

Líquido da vida

Saiba como e onde doar leite materno para os 12 bancos de armazenamento disponíveis no Distrito Federal

Maria Vitória

Da equipe do Correio

Carlos Vieira

Zilda amamenta a filha Maria Bianca, que nasceu prematura, e doa o leite extra ao banco do Hospital Regional de Taguatinga Toda mulher logo após o parto tem leite. Um leite forte, capaz de sustentar e fornecer os ingredientes necessários para o bebê se desenvolver com saúde. E segundo os pediatras, todas as mães são capazes de amamentar tranqüilamente os seus bebês. E de doar para outras crianças, pois a partir do quinto dia depois do parto as mamães produzem mais leite materno do que o seu filho precisa. O excedente pode ser encaminhado para um dos 12 bancos de leite materno existentes do Distrito Federal. Dez pertencem aos hospitais públicos e dois aos da rede privada.

Doar é simples. Basta coletar o leite depois de amamentar seu bebê e o armazenar em um vidro limpo de maionese ou café solúvel. Quando o pote estiver cheio, encaminhar a um dos bancos de leite materno ou chamar o Corpo de Bombeiros, que irá buscar a doação em sua casa. Essa doação será levada a um banco de leite materno, onde será analisado, pasteurizado e armazenado em freezer para distribuição. O produto beneficiará crianças com menos de seis meses internadas em hospitais, recém-nascidas de mães gravemente doentes, além de bebês prematuros ou abaixo do peso.

As brasileiras que mais doam aos bancos de leite são as mães brasilienses. No ano passado, os bancos de leite do DF receberam 13.768 litros de leite materno. ''Os dados ainda são parciais, mas representam o triplo do que é coletado na cidade de São Paulo'', afirma a pediatra Sônia Galdino, coordenadora dos bancos de leite dos hospitais públicos do DF e do banco do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Esse é considerado referência para os bancos de leite materno de todo o país. Se o volume de doações é grande, a procura é maior ainda. Em 2001, 17.940 bebês foram alimentados pelo produto.

Um contingente maior do que a população de Candangolândia. ''Temos estoques, mas sempre precisamos de mais doações'', diz a pediatra.

Exemplo

Todas as mamães sadias podem doar e seguir o exemplo da comerciária Zilda Rodrigues de Souza, 28 anos. ela mora em Samambaia, mas há dois meses ocupa um quarto ao lado do berçário de prematuros do HRT. Sua filha, Maria Bianca, chegou antes do tempo, em 19 de dezembro, quando Zilda estava no sexto mês de gravidez. O bebê nasceu pesando apenas 860 gramas e foi direto para a incubadora. Hoje, pesa 1,2 kg. Por causa do baixo peso, não pode ser amamentado no seio da mãe, mas Zilda não desanimou. Sob orientação das atendentes do banco de leite, dois dias depois do parto começou a massagear as mamas para estimular a produção de leite materno. Três dias depois, no quinto dia do resguardo, ele começou a jorrar.

Atualmente, todos os dias, de três em três horas, Zilda coleta 33 mililitros para a sua filha, que mama por meio de uma mangueira acoplada na incubadora. O restante vai para o banco de leite do hospital. ''A minha filha mama do meu próprio leite e eu ainda ajudo outras crianças'', diz a mamãe, exultante. Ela está ansiosa para chegar o dia em que sua filha possa mamar diretamente no seu seio e ir para casa, o que irá ocorrer quando Maria Bianca estiver pesando 1,5 kg. ''Continuarei doando todo o leite que sobrar'', promete a comerciária.

Mas os bancos de leite materno não têm apenas a função de coletar e armazenar leite. A pediatra Sônia Salviano afirma que o principal papel é o de ajudar as mães a amamentar o próprio filho, orientando as gestantes a oferecer corretamente o peito ao bebê. As mamães também aprendem o que fazer quando o leite não sai e a coletar e armazenar o produto.

O banco também atende os bebês de mães com dificuldades de amamentação. As clientes mais constantes são as gestantes de primeira viagem, as que não amamentaram os filhos anteriores ou mulheres que estão gravemente doentes e internadas em hospitais ou apresentam doenças nas mamas, tais como mastite (infecção nos seios provocada por algum tipo de contaminação), abcessos ou queimaduras nas mamas. Neste grupo também se incluem as mulheres que colocaram próteses de silicone ou fizeram cirurgias para redução do busto.

Leia mais sobre doação de leite materno

Onde doar

  • Hospital Regional da Asa Sul (antigo Hmib) - 445-7597

  • Hospital Regional da Asa Norte - 325-4207

  • Hospital Regional de Brazlândia - 479-9643

  • Hospital Regional de Ceilândia - 372-9652

  • Hospital Regional do Gama - 384-0337

  • Hospital Regional de Planaltina - 388-9794

  • Hospital Regional de Sobradinho - 387-3993

  • Hospital Regional de Taguatinga - 353-1017

  • Hospital Universitário de Brasília - 307-3452

  • Hospital das Forças Armadas - 362-4150

  • Hospital Santa Lúcia - 445-0156/445-0000

  • Hospital da Unimed - 356-0264

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