Dois pesos, duas medidas

Correio Braziliense

Brasília, quarta-feira,

13 de março de 2002

Dois pesos, duas medidas

Nilton Santos

A indecisão sobre a Seleção que irá à Copa começa a causar profunda aflição em todos os torcedores brasileiros. Se para alguns essa insistência sobre a convocação do Romário já está se tornando monótona, a verdade é que, se não for o lobby dos torcedores e da imprensa, dificilmente o Brasil terá o Baixinho na Copa.

Esse Felipão, moço que veio dos Pampas, é mesmo turrão de pai e mãe. Do tipo que não gosta de dizer em casa que deu a mão à palmatória, que ele é que está certo, que a casa dele não é nenhuma Casa da Mãe Joana, que quem manda é ele, e daí por diante.

O fato, porém, é que a cada vez que se fala no Romário, que está em forma, que tem sido artilheiro, que tem mostrado que poderá ser bastante útil no grupo, o fato é que Felipão fica vermelho de raiva. E isso não é um bom prenúncio para o relacionamento entre os jogadores, caso o Romário seja convocado.

Do jeito que tem agido, falado e extravasado - até mesmo em gestos -, o Felipão tem deixado claro que seu problema com o jogador é pessoal. Logo, não falar no assunto para não atrapalhar a convocação do Baixinho é muito pior. E não apenas para ele, Romário, como para todos nós que o desejamos na Seleção.

Não se pode entender porque o Felipão convoca o Ronaldinho, que, afinal, não vem jogando, não está ainda totalmente liberado e muito menos se sabe das suas condições físicas ideais. Que queremos Ronaldinho bem fisicamente e em boa forma, claro que queremos. E como!!! Diante do que temos visto por aí, claro que seu restabelecimento ideal seria um verdadeiro presente dos deuses do Futebol para a Seleção às vésperas de um Mundial.

Esquecer o Romário, porém, chega a ser digno de ''pastelão''. Tem outro? Quem??? Pois é... O Ronaldinho, ainda assim, foi convocado. E o Romário, terá vez?

Estou com os companheiros e amigos da crônica que criticam essa história dos jogadores tirarem a camisa a cada gol e correrem aos beijos e abraços em direção aos respectivos treinadores na beira do gramado. Passou dos limites. No meu tempo, isso se chamava puxa-saquismo descarado, coisa de jogador que acha que está no time somente por causa do treinador.

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