Era uma vez... hoje A palavra com José Fernandes de Oliveira (Pe. Zezinho SCJ) O mensageiro de Santo Antônio Novembro de 1998 Era uma vez um astrônomo que todas as noites se enclausurava no seu observatório. De lá, ficava observando as estrelas. Durante o dia, saía pelas ruas convidando os amigos, os vizinhos e outros astrônomos para virem ao seu observatório. Garantia que lá se via melhor a estrela que todos procuram. Ele via. Seu telescópio era incrível. Via mais do que os outros. Nunca aceitou olhar o céu pelo telescópio dos outros e, quando tinha que se reunir com eles, não olhava com atenção, porque só seu telescópio é que era bom. Se os outros achavam que estavam vendo estrelas, tudo bem, mas a grande estrela só se podia ver pelo seu telescópio. Passou a vida inteira enganando-se e tentando enganar os outros a respeito do que via. Envelheceu apostando que só ele e os seus colegas de observatório viam a verdadeira estrela que os povos procuram. Nunca admitiu que de outros lugares e com outras lunetas e telescópios fosse possível ver a mesma luz que ele via. Era um fanático gentil, mas fanático. Nunca teve a coragem para deixar os outros mostrarem a ele, o que ele vivia querendo mostrar aos outros. Há sempre um quê de vaidade e um quê de desamor no astrônomo que acha que os outros astrônomos não viram o que ele viu. Mas a mesma história pode ser contada de outro jeito. Onde se lê grande luz, leia Deus. Onde se lê astrônomo, leia religioso! Quem ama de verdade fala a sua verdade e ouve a do outro. E se discorda, respeita e dialoga sem se alterar. Sem isso, a luz que ele vê não lhe serve de nada! |