A FALÊNCIA EMOCIONAL DAS EMPRESAS

Rogério Caldas

Existem momentos em que a vida parece injusta. Uma hora em que a nossa capacidade de resistir é empurrada para além de nossos limites. Vivemos a Era de maior transformação de toda a história do planeta Terra. Você me pergunta: E daí? Daí que você vive neste século e está experimentando esta dor: a dor da mudança, que não é simplesmente física, é sobretudo emocional. Daí que essa revolução exigirá muita coragem para sofrer. Muita disposição ao sacrifício e renúncia. O desafio não é comercial, é eminentemente emocional! O que vai separar a vitória da derrota é a preparação emocional das equipes.

O choque das mudanças traz uma série de efeitos colaterais ao ser humano. O primeiro e mais notável é a morte emocional de uma parcela expressiva de nossa sociedade. Morte Emocional? Reflita: "Muitos seres humanos sofrem morte emocional e espiritual antes de deixarem os seus corpos físicos. Estou convencido de que uma empresa nunca quebra hoje, quebra cinco anos antes".

Essa falência não é financeira, é emocional, espiritual.

Causa-me perplexidade a quantidade de pessoas em nosso País que estão sendo vencidas pela rotina do dia-a-dia. Indivíduos que estão sendo arrastados para um destino que não desejam, mas que inconscientemente estão permitindo. São muitas pessoas, milhões. Uma verdadeira legião de mortos-vivos!

Os mortos-vivos são pessoas norteadas por pensamentos perturbadores, idéias tóxicas que acabam envenenando suas mentes. O morto-vivo experimenta uma espécie de desnutrição psicológica. É preciso garantir a nossa sobrevivência psicológica, sobreviver fisicamente é bem mais fácil.

A segunda conseqüência ou efeito colateral dessa revolução é o surgimento de um outro tipo de "analfabetismo". Refiro-me ao analfabetismo emocional!

Cara feia - O analfabeto emocional apresenta características inconfundíveis. São pessoas que vivem num grande vazio emocional, pessoas que pouco ou nada sentem. Pessoas de vocabulário emocional muito pobre. O analfabeto emocional tem uma relação doentia com a empresa. Essas pessoas vivem de cara feia. Vale lembrar que cara feia não é sinal de autoridade, mas sim de conflitos internos -são pessoas mal resolvidas. "Cara feia é um péssimo marketing pessoal." O analfabeto emocional anda sempre de cabeça baixa, não sorri, explode com facilidade, é temido junto à equipe, é incapaz de elogiar, adora flagrar os seus funcionários cometendo erros para realizar-se e fazer o que mais gosta: aplicar uma repreensão em voz alta nos seus subordinados.

Em sua vida pessoal, o analfabeto emocional mostra suas limitações.

A família se ressente de carinho, ele raramente (ou nunca) põe um filho no colo para acariciá-lo, beijá-lo, abraçá-lo (não importa a idade), em suma, não sabe comunicar o amor que sente. Esquece de dizer, para as pessoas que ele gosta, frases simples como "Eu te amo"!

A boa notícia para o analfabeto emocional é que esse "mal" tem cura. A ciência vem provando a cada dia que o QI do indivíduo se mantém praticamente imutável pela vida afora, sofrendo alterações desprezíveis, enquanto que o QE evolui, melhora muito. Com o esforço, a orientação e a motivação corretos, você pode ampliar o seu quociente emocional. Trata-se de uma questão de escolha e não de herança genética. Decida-se: ou você é emocionalmente inteligente ou é emocionalmente burro.

Motivar é igual a comunicar - O final do milênio trouxe para muitos seres humanos o que costumo chamar de Era da Melancolia, Tristeza Generalizada. A ausência de fé em Deus é algo alarmante. Quando comparado com os aspectos tecnológico e material, espiritualmente o ser humano não evoluiu nada. A defasagem espiritual é assombrosa. Por essas e outras razões, a maioria dos líderes mostra um comportamento emocional inadequado para lidar com pessoas, eles estão espalhando medo, terror e muita incerteza junto às suas equipes. Os líderes devem transmitir energia e não tirar o vigor da sua equipe.

Existe uma convergência mundial sobre a importância do líder como base de sustentação da empresa. Ele é a alma do negócio, é quem orienta, quem ajuda e faz o funcionário crescer ou estagnar.

A habilidade mais valorizada do novo líder é a capacidade de motivar pessoas. Motivar é igual a comunicar. Resume-se em informar, persuadir e inspirar. O novo líder é um ouvinte, um comunicador, um educador uma pessoa emocionalmente inspiradora.

Ouça os seus funcionários. Estabeleça como meta ouvir, no mínimo, 50% de todo o seu pessoal. Personalize as entrevistas, chame-os em sua sala, um por um. Com habilidade, faça-os falar. Não se trata de sessões de acusações. Eles certamente têm idéias fantásticas de como ajudar a empresa a crescer. Se você tem cem funcionários pode ter uma centena de novas idéias por mês. Comunique-se, comunique-se, comunique-se. Você precisa ser tocado, sentido, ouvido, acreditado. Lembre-se: o seu trabalho, agora, são as pessoas. Torne-se especialista em gente.

Desejo que você reflita sobre algumas perguntas provocativas.

· Você está sendo tudo o que pode ser?

· Você está sendo mais do que poderia imaginar?

· Você tem feito coisas das quais seus semelhantes e seus clientes possam se orgulhar?

· Quem é você como ser humano e como profissional?

· Seu nome lembra alegria ou tristeza?

Para finalizar, abra o seu coração e a sua mente para estas regras de ouro: Apaixone-se pela vida. Conte suas vantagens e não os seus problemas. Não seja um queixoso. Verifique suas amizades. Eu sou aquele com quem ando. E com quem não ando. Junte-se aos ambiciosos e torne-se um deles. Não tente mudar o passado. Mude o presente e o futuro. Faça o que puder, com aquilo que você tem, onde você está. As certezas de hoje se tornarão os absurdos de amanhã.

Sua vida e sua empresa devem ser uma aventura empolgante, desafiadora, arrepiante, que faça o seu sangue correr, jamais um fardo a ser carregado. Levante-se daí agora e vá fazer a diferença na vida das pessoas. Nunca mais aceite a mediocridade por mais de 5 minutos.