As riquezas do Brasil não irão desaparecer no próximo governo

Ao longo dos últimos meses acompanhamos pela imprensa que as reações dos mercados (de ações, dólar, juros e outros) espelham o medo da mudança que um governo " petista" representa. A crise de confiança detonada pelos investidores estrangeiros afetou os preços de todos os ativos causando reações inconseqüentes.

A meu ver, a desconfiança dos investidores externos é bastante justificável. Afinal muitos dos que emitem opiniões sobre o nosso país nunca pisaram em solo brasileiro.

O que realmente não entendo é como diversos especialistas brasileiros endossam estas recomendações, utilizando-as como guia em sua tomada de decisão. Creio que devemos conhecer um pouco mais nossa indústria e a economia como um todo, observar nossa história recente, antes de avalizar estas opiniões.

Como analista de investimentos ao longo de 15 anos visitei muitas empresas por este Brasil afora e pude comprovar nossas riquezas. Às vezes tenho a impressão que nossos técnicos não conhecem o que construímos.

A Finlândia sempre foi considerada o país referência em papel e celulose, lá um pinheiro amadurece em 14 anos. Aqui no Brasil o mesmo acontece em 7 anos. Visitei Carajás e fiquei impressionada como conseguimos minerais com um grau de pureza tão alto, praticamente a céu aberto, enquanto em outros países é necessário perfurar mais de 100 metros abaixo do solo para obter o mesmo produto. Se formos analisar o setor energérico, verificamos que o Brasil possui o maior recurso hídrico do mundo. Detemos também, a maior tecnologia de prospecção de petróleo em águas profundas do planeta. Isto para não citar nossa produtividade no segmento siderúrgico que tem levantado o medo dos concorrentes.

O espaço é pequeno para contar as conquitas da Embraer, da Souza Cruz, da Fosfértil e tantas outras empresas de excelência que mantemos. Desculpe se esqueci uma ou outra companhia merecedora de destaque. Mas é que realmente são muitas.

É necessário conhecer um pouco mais estas empresas para valorizar nosso país e entender porque somos a 11º economia mundial. Será que nossos analistas sabem quantos países tem o mundo? 204!! Até que ser a décima primeira economia não é tão mal assim.

Os especialistas que deveriam passar mais segurança aos aplicadores divulgam que o país está tendo uma fuga de capitais e que a vitória da oposição levará a um êxodo de empresários. Agora como explicar que em 1998, nesta mesma época, antes da desvalorização do Real, tivemos uma fuga de capitais muito maior do que a atual e os condutores da política nacional eram todos ortodoxos, diplomados e respeitados na comunidade internacional.

Não vejo o que uma possível vitória da oposição pode fazer com todas estas riquezas. Será que as reservas de petróleo da Petrobras perderão valor? a quantidade de minério que a Vale do Rio Doce tem, irá se desvalorizar? as terras produtivas e rentáveis deixarão de ser cultivadas e as empresas de fertilizantes fecharão as portas?

Não sou alienada, não quero dizer que estamos bem. Pelo contrário, tenho total consciência das dificuldades que enfrentamos hoje. Nós e o mundo. Não é só o Brasil que está com problemas, o mundo está doente. Porém, com toda esta riqueza temos condições e recursos para sair desta situação lamentável que nos encontramos.

Acredito no amadurecimento das instituições brasileiras. Expulsamos um presidente e três senadores sem nenhum feriado bancário, com todas as empresas funcionando. Tenho certeza que seja lá quem for o próximo presidente se fizer bobagens também será "demitido".

É como sempre digo: é melhor um fim horroroso do que um horror sem fim.

* Elaine Restier atuou durante 15 anos como administradora de fundos de investimento. Atualmente é country manager da Dinheironet do Brasil