Jornalistas querem mudança na Comunicação do Governo Federal

29/03/03

NOTA À IMPRENSA

Jornalistas querem mudança na Comunicação do Governo Federal

 

A Diretoria do Sindicato dos Jornalistas do DF recebeu manifesto pela liberdade de informar, assinado por 71 profissionais que fazem a cobertura jornalística do governo federal brasileiro. Esses jornalistas pedem para não divulgar seus nomes porque temem represálias.


No documento, os jornalistas reclamam de "sérios entraves que estão sendo impostos por setores do Governo Federal às atividades jornalísticas" e solicitam que o Sindicato, de maneira formal e institucional, "expresse o inconformismo da categoria com esses fatos e reafirme a defesa da transparência e do direito à informação, pelos quais nossa sociedade lutou com tanto custo".

As reclamações referem-se ao fato de que ministros de Estado estão "proibindo a divulgação de suas agendas de trabalho, como se fossem executivos de empresas privadas, ou determinando a divulgação de agenda incompletas e descaracterizadas".

Pelo que dizem os jornalistas prejudicados, está havendo bloqueio a informações sobre encontros, reuniões, debates e processos cobertos rotineiramente nos ministérios e palácios, os quais passaram a ter tratamento de reuniões sigilosas, com a exceção tornando-se regra. E pior: a categoria denuncia que fotógrafos e cinegrafistas estão cada vez mais proibidos de registrar atividades oficiais, sendo substituídos pela imagem única da divulgação oficial. "A situação agrava-se com a Lei do Silêncio, que está sendo preparada para os funcionários do Palácio do Planalto".

Por fim, o documento pede que o Sindicato cobre do Governo Federal o cumprimento integral do decálogo elaborado pelo jornalista Bernardo Kucinski e endossado pelo Secretário de Imprensa do Planalto, Ricardo Kotscho, e não apenas o cumprimento dos itens de interesse oficial:


1 - A informação é um bem público. Não é propriedade do governo.
2 - A informação é um direito, e não um favor.
3 - A informação é um requisito básico para o exercício de outros direitos, como o de escolher; de julgar; de optar e de participar.
4 - A informação deve ser clara, pronta e precisa.
5 - É proibido mentir ou tergiversar.
6 - Responda no mérito e de modo objetivo às críticas da mídia.
7 - Corrija de modo cortês os equívocos de informações da imprensa.
8 - Se detectar calúnia, injúria ou difamação, atue com firmeza.
9 - Não faça patrulhamento ideológico.
10 - Trate com igualdade todos os jornalistas e todos os veículos.

A Diretoria do SJPDF subscreve o decálogo do jornalista Kucinski e solicita, publicamente, que o governo Luís Inácio Lula da Silva receba os representantes dos jornalistas discriminados e prejudicados para discutir normas de convivência democráticas, transparentes e solidárias para o livre exercício da profissão no país.
É inadmissível que a Radiobrás seja a única empresa de comunicação a ter acesso às fontes de informação do Governo, independentemente da justificativa utilizada pelos detentores do Poder.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF coloca-se à disposição para buscar entendimentos capazes de tornar o exercício profissional, na Capital Federal, livre de regras excessivas e restritivas.

Os jornalistas esperam respeito à liberdade de informar!


A Diretoria