Reclamos

Agnes Marta Pimentel Altmann

Na jornada de cada dia, prosseguindo, lá vamos todos, os sobreviventes da espécie - sabe Deus até quando -, errando pelas linhas, muitas não lidas, outras mal ditas nos textos da vida não poetizados, não romanceados, não confabulados, não publicados de muitos desvalidos e inválidos, histórias jornais da vida de outros tantos transgressores, famintos de Deus e à revelia da finalidade pública e privada do viver em sociedade, sem os reclamos nem os terrores do desassossego sem utilidade - dores previstas, imprevistas ou supervenientes, sob a premência da violência!... Esta, ora aqui, ora ali, não tem hora, quem sabe, faz a hora do esperar os acontecidos - reclamos da vida!

Não por literatice esse literaturar blá-blá-blá daqui e trivialidades dali, não raro até litigáveis e passíveis de litisconsórcios, salvo disposição de lei em contrário, em frases líricas tornam-se mais reais que verdades literais.

Ontem, hoje e sempre, todo dia sine die executados financiados hipotecados dos evidentes abusados exeqüentes com tantos débitos judiciais elevados à quinta potência... Ora embargantes devedores recorrentes – negócios simulados , em contrato de compra e venda, sem data e juros estratosféricos! Ora meros usuários se recusando deliberadamente a liquidar até o débito do serviço de fornecimento de energia elétrica... Para inibir a inadimplência, suspensa a luz, não são hipossuficientes, que se virem em vaga-lumes sem mais ora veja!...

Ora, que não seja por falta de lentes fotocromáticas, confirmada a vedada venda de óculos de proteção solar sem grau, no último grau, muamba sem qualidade, danando quem não tem ótica e a visão dos sport sunglasses society, sem previsão do dano que sub oculis causa à saúde dos consumidos - reclamos ora vejam de “quem não tem colírio usa mesmo óculos escuros sem fotocromismo!...

Ora, não tem seguro sem cobre e nem se descobre o que cobre o de quem é culpa. Por mais segurança que tenha como indenizar-se do assalto à mão armada no trem, no ônibus, no estacionamento, em todo lugar!?... 

Ora é o tal do trânsito sempre engarrafado, acidentes e todo tipo de transgressores alucinados, para logo se ver a todo dia mais um na pista estirado. Então, de novo lá vai mais um não sobrevivente da vida tão frágil e tão cara, mais uma alma sofrida, talvez para sempre perdida... Céus misericórdia!... 

No mais, ainda há quem, ainda assustada com a liberdade rodeada de medo a escrever, não sem frio, ante as mazelas do “nosso” tão suado “made in Brazil”. Do defender-se precariamente dos riscos contranitentes até vencer os próprios malpropícios patrícios “homem-lobo-do-homem” é fazer das aspas chapéu de proteção e para que a “tesoura” de algum só de bandeira e sem Bandeira não desfira impropérios ou lentamente corta-aqui-corta-acolá, até detrair tudo, sem maiores comoções tamanho texto arrimador - pavor ditador do editor -, lá tem quem “borra-papéis” em meio aos “acenos de rebeldia literária” que nem é pretexto nem literomania de anacrônico lirismo. Por tanto outrossim, já não é novidade, afora a “internet”, tudo parece sem inspiração e não basta seguir em crônicas no compasso, ou o que seja, do lirolindo Carlos Drummond de Andrade. Este foi um felizardo, naquele tempo ainda tinha seus cinco mil leitores garantidos através de jornal, mesmo assim tampouco não era fácil “da ausência de tempo extrair tempo ( e cuca) para cumprir o dever moral (...) nesse humilde e surrealístico setor” e não segredou, simplesmente escreveu: “quando estou inspirado não escrevo, para não gastar a inspiração. Só escrevo a frio”. Raro mesmo hoje em dia esse privilégio de ainda se ter alguma inspiração até para ler distrações poramdubas, sem uso de dicionário, e sem os tais “humorísticos” atentados à decência da vida em decadência, com tanto excesso de violência sem providência nem previdência!

Agnes Marta Pimentel Altmann

Mestrado em Relações Internacionais

Brasília, 16/06/2003

São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização por dano material ou moral decorrente de sua violanção. CF, art. 5o.,X. 

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