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150 vezes o mesmo personagem
Mauro
Wrona interpreta a ópera “A
Flauta Mágica” pela 150ª vez A
récita de hoje (domingo, 31 de
agosto) da ópera “A Flauta Mágica”, apresentada no Theatro da
Paz, em Belém, dentro do Festival de Ópera 2003, será um marco na
carreira do tenor Mauro Wrona. Nesta noite ele interpreta pela 150ª vez
o personagem Monostatos, um mouro traidor apaixonado por Pamina, a
princesa por ele seqüestrada. O
número impressiona, principalmente por se tratar de um cantor
brasileiro, ou seja, de um país onde as montagens de óperas são
poucas e as possibilidades de um tenor viver dezenas de vezes o mesmo
personagem são praticamente nulas. “Só consegui completar esse
sesquicentenário do personagem Monostatos porque vivi e trabalhei
muitos anos na Europa, onde a carreira de uma montagem é quase sempre
longa”, ressalta. Detalhe: esta é a primeira vez que ele interpreta o
personagem no Brasil. “Desse modo, apesar das 150 vezes, viver
Monostatos em Belém é também uma espécie de estréia”, brinca ele.
Mauro tem um currículo invejável: fala sete línguas, já
cantou nos mais prestigiosos teatros do mundo, morou 20 anos na Europa,
dos quais 7 fazendo turnês com uma companhia de óperas. O tenor tem 30
anos de carreira e já participou de 40 títulos diferentes de ópera.
Sua paixão pela ópera começou na infância, incentivada por um
tio tenor e pelo pai, ávido apreciador deste tipo de espetáculo. Mauro
não se esquece da primeira ópera que assistiu, “La Traviatta”, de
Verdi. “Eu fiquei muito emocionado e fascinado. Foi amor à primeira
vista”, lembra o tenor.
Aos
16 anos, estreou como figurante na ópera “A infância de Cristo”,
regida pelo maestro Eleazar de Carvalho. No ano seguinte, foi contratado
no teatro de Nídia Lycia, a quem deve seu conhecimento de técnicas
teatrais. “Tudo que aprendi com Nídia me ajudou a conquistar o público
europeu porque além de minha voz, eu tinha técnicas de atuação”,
comentou. Aos
20 anos, Mauro foi à Europa, para entrar de vez no mundo da ópera.
Morou na Espanha, Itália, Alemanha, Bélgica e Suíça. “Conheci
muitas pessoas interessantes e cantei com muitos solistas famosos e para
muitos maestros lendários. Foi realmente uma experiência inesquecível”. Na
Bélgica, Mauro foi artista residente do Theatre Royal de la Monnaie, de
Bruxelas. Para ele, esta foi a época mais enriquecedora de sua
carreira. “Tive contato com os autores alemães como Mozart e Wagner e
deixei um pouco a ópera italiana de lado”, contou. Depois
de 20 anos na Europa, Mauro foi estudar regência nos Estados Unidos,
mas não concluiu o curso e voltou ao Brasil. Mauro foi assessor artístico
do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e hoje é colaborador da empresa
São Paulo ImagemData, produtora do Festival de Ópera do Theatro da Paz
2003, que termina na próxima quinta-feira, 4, com um concerto ao ar
livre. O tenor tem dois CD’s lançados, um cantado em yidish –
dialeto judaico –, e outro de música barroca, gravado com o grupo Cármina. Hoje, Mauro voltou a estudar regência e está cada vez mais apaixonado pela música. “A música é algo mágico que mexe comigo desde pequeno. Agora que estou estudando regência, fico pensando na magia da música sobre mim”, comenta. O tenor quer reger óperas quando se formar e pretende montar uma companhia itinerante de óperas como aquela que integrou na Europa.
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