EDUCAÇÃO AMBIENTAL 

 Francicleide Palhano

A lição dos 3 R’s: reduzir, reutilizar, reciclar

Na infância, costumávamos brincar do jogo das palavras, que consistia em um desafio, no qual se repetia, o mais rápido possível, frases sem errar. Numa delas, nós dizíamos: “o rato roeu a roupa do rei de Roma, riu na rua, rodou na roda e revoltou a rainha” . Era o jogo dos 11 R’s. Quem se enrolasse nas palavras, levava um cascudo! O desafio, muitas vezes, nos deixava com dor de cabeça, porque havia sempre quem batesse com mais força, na cabeça da pessoa que errasse. Por isto, nos esforçávamos para acertar!

Hoje, enfrentamos um novo jogo que não é brincadeira: aprender, rapidamente, a linguagem dos 3 R’s – reduzir, reutilizar, reciclar. Menos R’s, porém maior desafio para acertar e diminuir o impacto que se transforma em uma dor de cabeça de todos os dias: o lixo que produzimos em larga escala. Lixo que não desaparece simplesmente quando nos livramos dele em nossas casas – ele apenas é transportado para uma outra “casa”, chamada lixão. Menos mal, quando tudo acaba nos aterros (controlados e sanitários).

Cenário dos lixões

Os famosos lixões a céu aberto estampam um cenário infernal, com atores da vida real: homens, mulheres e crianças fazem, do que a sociedade descarta, meios para a sobrevivência. Meninos e meninas que, além de catar as latinhas de alumínio e garrafas, são como fênix, fazendo ressurgir, do lixo, os brinquedos que outras crianças, um dia, resolveram que virariam lixo! De acordo com pesquisa da Unicef, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, bonecos, carrinhos e outros brinquedos representam 16% de todo o material que os catadores retiram do lixo. Lá e cá, a vida desses catadores, “não é brinquedo, não!”

Na brincadeira infantil dos 11 R’s, quase todos erravam, enrolavam a língua, se atrapalhavam com as palavras. No desafio adulto dos 3 R’s, precisamos virar o jogo: Reduzir, Reutilizar, Reciclar - eis a nova ordem mundial. À nossa volta, papel, plástico, papelão, vidro, metais – tudo pode ser reciclado! É necessário que se incentive a coleta seletiva. Processo que passa pela educação ambiental, no qual todos nós somos convidados a atuar.

O peso dos descartáveis

Os produtos descartáveis, tão bem-vindos às nossas conveniências, são responsáveis por grande parte do lixo que geramos. Transformamo-nos na sociedade dos produtos descartáveis: transportamos, diariamente, para as nossas casas, produtos com embalagens descartáveis, em sacolas plásticas que também acabamos por descartar. E ao fim do dia, sentados no sofá, assistimos ao telejornal e nos indignamos com a sub-vida que vemos nos lixões. Estamos nos enrolando nas ações! O rato, que continua roendo, não mais a roupa do rei de Roma, ainda ri na rua e roda na roda-viva de nossas vidas. É preciso enfrentar o desafio, saber dizer, com palavras e em gestos, o jogo dos 3 R’s!

E é da África do Sul que vem uma lição para o mundo: o governo sul-africano proibiu os comerciantes distribuir, aos seus clientes, sacolas plásticas (que receberam o apelido de “flor nacional”, por serem tão visíveis nas ruas do País). Os consumidores têm duas opções: levam uma sacola de casa ou adquirem uma nova sacola, reutilizável. Está na hora de aprendermos um pouco mais sobre a lição dos R’s!

Francicleide Palhano

Jornalista, especialista em administração de marketing

franpalhano@bol.com.br

Educação ambiental - nossa missão

“Está na hora de fazer educação ambiental no meu quarto!” – disse uma adolescente, ao término de uma palestra sobre meio ambiente, quando ouviu sobre lixo e coleta seletiva. E eu imaginei como seria o seu quarto. Quantas bolinhas de papel? Folhas do caderno (perdão! Agora é fichário!), rabiscadas e descartadas? E a luz acesa horas e mais horas? O “som” esquecido ligado...! Quem tiver adolescente em casa, que arrisque dizer que nunca viu uma cena destas!

Naquela tarde, cerca de 20 alunos participaram da palestra, no auditório da CPRH - Cia. Pernambucana de Recursos Hídricos. Interagiram, falaram da realidade ambiental do mundo, da cidade do Recife (o Rio Capibaribe foi citado umas cinco vezes), do bairro onde moram. E alguém lembrou da sua casa, do seu quarto!

Trago esta reflexão à tona, para lembrar o princípio da educação ambiental: pensar globalmente/agir localmente. A abordagem holística (do grego holos, totalidade, abrangência) da educação ambiental, leva-nos a perceber e compreender que o todo é integrado por partes. Ao mesmo tempo, o todo está em cada parte.

Tenho escutado o questionamento: “e depois da palestra? E depois da teoria?” A Educação Ambiental é um processo permanente e contínuo. Sementes lançadas em solo fértil, despertam como árvores. Produzem bons frutos. Mas até lá, é necessário regar, trabalhar o solo. Um processo é interrompido quando perde o dinamismo, a motivação interna cessa. Ou, quando uma força externa o interrompe. Assim também acontece com o processo educacional. Um momento só não basta! A teoria sem a prática, cheira a discurso de palanque!

Que papel temos assumido como pais, educadores, gestores, cidadãos do mundo? Despertar, não só a consciência, mas também o potencial crítico e reflexivo, a partir da realidade na qual estamos envolvidos, deve ser mais que um desejo: que seja esta a nossa missão, no mundo que queremos bem melhor!

Como está o seu “quarto”? E os quartos, nos quatro cantos do mundo (que é esférico, mas tem cantos e muito, muito encantos!) ? Se alguém disser que não vale a pena arrumar a casa, pois nem todos cooperam para isto, ainda assim, façamos a nossa parte! Afinal, como diz o provérbio, “por que amaldiçoar a escuridão, se podemos acender um fósforo?” Eu sei que esta missão também é minha. E você?

Francicleide Palhano -Jornalista, especialista em administração de marketing

franpalhano@bol.com.br

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