Questão de justiça - Reynaldo Domingos Ferreira

À GAZETA MERCANTIL

Cartas & Opiniões

Senhor Redator,

É no mínimo desrespeitoso para com a opinião pública, a nosso ver, um desembargador, durante congresso de magistrados, que acontece em pleno mês de outubro, na Bahia, com cerca de 2,5 mil participantes (entre juizes, autoridades e personalidades da sociedade civil) falar de agilização do funcionamento da Justiça brasileira, como relata matéria de José Pacheco Maia Filho, publicada na edição de hoje (22.10.03). Pois será possível imaginar quantos processos, de dois, três, cinco ou ate mais anos, que estão nas mesas desses magistrados, aguardando sentenças e despachos, enquanto eles gozam, durante uma semana, das delícias das praias, das mulheres tostadas ao sol e da culinária da boa terra do Senhor do Bonfim? Se pretendem mesmo a agilização da nossa capenga e desacreditada Justiça, por quê não realizam eles esses belos convescotes nos meses de janeiro e julho, quando usufruem de seus recessos improdutivos? Em agosto, quando voltam do recesso do meio do ano, já providenciam alegres jornadas em estâncias rurais, nas redondezas de suas comarcas, também para tratar, como sempre alegam, da agilização da prestação jurisdicional, que não acontece nunca. E propor fim dos precatórios, como o faz o desembargador citado na matéria, é coisa de teatro do absurdo num país, como o nosso, em que o governo é o pior pagador e tem justiça própria para lhe dar guarida.

Atenciosamente,

REYNALDO DOMINGOS FERREIRA

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