Marketing em serviços públicos

 

Faustino Vicente*

O ano de 2004 está  fadado a fazer história pela  série de acontecimentos especiais que irão se desenrolar ao  longo dos seus dias como, por exemplo,  as olimpíadas de Atenas  -  cidade berço da mais tradicional competição  esportiva da humanidade. São quatro anos de intenso condicionamento físico, cuidadosa preparação psicológica, exaustivos treinamentos, hábito alimentar balanceado, privações de uma série de atividades e disputa de várias provas pré-olímpicas, que carimbam o passaporte do  atleta para a Grécia. Entre os campeões, conheceremos o  filho do vento, o  homem mais veloz do planeta. Quatro anos de muita expectativa para correr (apenas) cem metros em menos de dez segundos. Um simples deslize  e... pronto, tudo estará  perdido.

 No Brasil, o acontecimento mais importante, será as eleições municipais, que coloca  em jogo  os milhares de cargos de prefeitos,vice-prefeitos e  vereadores.  Fizemos essa introdução  para usar o processo  olímpico de seleção como analogia com a verdadeira maratona que a  classe política deverá enfrentar para vencer o pleito. A importância do marketing político é inquestionável, principalmente, se o considerarmos  “como uma guerra de percepção e não  uma  batalha de produtos e serviços.” Entre as várias  qualidades que um candidato à cargo eletivo deve (obrigatoriamente) ter destacamos a  competência técnica e a  conduta ética. O futuro do  candidato, cada vez mais, estará ligado ao seu passado. Além dos requisitos acima a habilidade de se comunicar com as massas surge como  valor  agregado na capacitação do recordista olímpico da política.

 Na gestão da coisa pública, seja via eleições, nomeações ou concursos, é aconselhável uma profunda reflexão sobre a frase do célebre político, orador e prosador  romano Cícero (106-43 a.C.) – “temos que equilibrar o orçamento,proteger o tesouro,combater a usura e reduzir a burocracia. Caso contrário afundaremos todos.” Apesar de seus mais de dois mil anos de origem, este alerta encerra um conceito que está mais atual do que nunca e   nos faz crer que, o então poderoso Império Romano desmoronou-se porque não  fez o  seu dever de casa.Da colocação de Cícero elegemos a erradicação do desastroso excesso  da burocracia,como a melhor alternativa para o aumento da produtividade dos  serviços públicos.

 A produtividade – fazer cada vez mais, e melhor, com cada vez menos – é uma estratégia inteligente para encurtar  a enorme distância que ainda existe  entre as necessidades  da população e a oferta de  serviços públicos de excelente qualidade. O excesso de burocracia eleva o Custo  Brasil, retarda o desenvolvimento econômico e fere o  bem comum. A  desburocratização,  que  já teve até Ministério, somente será conseguida através de uma “mega operação capilar”comandada por  cada um dos milhares de servidores públicos, pois são  eles os maiores conhecedores dos procedimentos operacionais.

 Quanto à descentralização do poder decisório, uma  das características  do  formato organizacional  da empresa competitiva, destacamos uma sugestão ocorrida há cerca de 3.254 anos,por Jetro a seu genro Moisés (Êxodo (18. 21e22) – “E tu, dentro todo povo, procura homens capazes,tementes a Deus,que aborreçam  a  avareza e põe-nos sobre eles em maiorais de mil,  maiorais de cem, maiorais de cinqüenta e maiorais de dez para que julguem esse povo em todo tempo, e  seja que todo negócio pequeno eles o julguem; assim a  ti mesmo  aliviará da carga e eles a  levarão  contigo.”

  Esse milenar princípio gerencial cabe nas reformas do judiciário,do legislativo e do executivo. Somente a consciência de  que a chave da excelência encontra-se na melhoria contínua do  processo, será capaz de transformar o nosso país num recordista olímpico do IDH - Índice de Desenvolvimento Humano – marketing político imbatível. 

*Consultor Organizacional, Professor e  Advogado

e-mail:  faustino.vicente@terra.com.br  -  tel.(011)  4586.7426  -  Jundiaí/SP 

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