Reflexões para um novo ano

Infelicidade e Natal

Mário Eugênio Saturno

Quem diria? O final do ano aumenta a ansiedade das pessoas. Muita gente procura ajuda médica. Época de fazer planos para alterar radicalmente a vida. Porém, os objetivos tão grandes não são cumpridos e vem a frustração com a própria incapacidade.

Esse é o drama de todo fim de ano, as pessoas querem resultados rápidos, instantâneos e sem esforço. Essa é a geração condenada à extinção, pois não conhecem a paciência, não experimentam a perseverança. Não valorizam as pequenas conquistas, por isso jamais chegarão às maiores.

Nada demais alguém desejar promover uma mudança em sua vida no início do ano novo, faz bem! O que não pode é ficar na proposta porque a chance de frustração é grande. E nada pior para o ego de alguém que ver que está fracassando.

Por isso, nada de fazer planos difíceis, como estudar, emagrecer, parar de fumar, sem antes dominar outras ansiedades. Planejamento e autoconhecimento são muito importantes. É difícil buscar forças em si próprio, é uma tarefa hercúlea. Melhor é buscar apoio nos amigos, familiares e, claro, na religião. Prova disso é que as pessoas religiosas têm, em média, melhor qualidade e expectativa de vida que as não-religiosas, segundo diversas pesquisas científicas.

A tristeza atinge muita gente. Nos finais de ano, há uma obrigação de estar feliz e realizado, de aproveitar a vida em todos os momentos. Novo ano, novas expectativas, novas esperanças. Felicidade! Contudo nem todos sentem assim. Todo mundo sofreu durante o ano alguma perda de parentes ou de relacionamento, alguma dificuldade financeira, ou estão insatisfeitos com o trabalho ou com família. O final do ano mostra a incapacidade de melhorar e de mudar o curso da sua vida.

O fim do ano lembra também o envelhecimento. A idéia de finitude entristece, o encerramento do ano faz a pessoa refletir sobre suas realizações.

A atitude de cada um tem a ver com suas experiências pessoais. O abuso de álcool e das drogas nesta época do ano tende a ser maior. O álcool só é estimulante em pequenas quantidades, seu uso abusivo leva, geralmente, a estados depressivos. Mais sofrimento e decepção consigo próprio.

A frustração faz parte da vida. Para uma simples rosa existem muitos espinhos. O prazer vem com muito esforço. Todo mundo sofre alguma perda ou alguma insatisfação. Paciência de Jó (aliás ler o Livro de Jó, na Bíblia é um bom exercício para a paciência, é muito chato)(sic) é o segredo da felicidade, quando se trabalha para a realização de algo, demora mas consegue.

Não adianta pensar no "grande", é preciso quebrá-lo em pequenos objetivos, alcançáveis, para que possam ser cumpridos. Ter objetivos compatíveis com a realidade também é essencial. Otimismo também conduz à frustração.

Descansar é necessário, dormir o bastante. Ter uma alimentação balanceada, moderando a ingestão de açúcar, gorduras e frituras. O mais difícil, praticar uma atividade física no mínimo três vezes por semana e algum tipo de atividade intelectual para manter o cérebro ativo. Reservar um tempo para si mesmo.

Comemorar cada pequena realização. A começar pelo aniversário. Antes de envelhecer, você está vivo mais um ano quando muitos não conseguiram! Você está mais experiente e maduro, vê o mundo com olhos diferentes, comete menos erros. Nossa vida é um eterno crescimento.

Por isso dizemos feliz aniversário, se os nossos entes queridos aniversariam ou conseguem algum sucesso. Cada pequena vitória deve ser celebrada, um novo emprego, um aumento de salário, um novo filho, um casamento... O espinho é sem graça, são todos iguais, a rosa é bela, cheia de graça, luz e cor, é perfumada. Assim também pode ser a vida, basta saber observá-la adequadamente. Natal não é uma festa mas uma celebração. Reflita! Participe! Ainda dá tempo. Faça e seja feliz!

*Tecnologista Sênior da Divisão de Sistemas Espaciais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais  (INPE)

Mário Eugênio Saturno

Tecnológo de Sistemas Espaciais

Fonte: Gazeta de Santarém

Data: 27/12/2003

www.jornalada.com

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