Atingir a tranqüilidade...
Atingir a tranqüilidade...
Emerson Barros de Aguiar
Epicteto, o grande filósofo estóico, afirmou que a perseguição da fama, do poder e do dinheiro não podem garantir a obtenção da felicidade. Para ele, qualquer coisa que crie uma situação de instabilidade é uma fonte segura de infelicidade. Assim, ao homem cabe a tarefa de transformar-se num indivíduo virtuoso, desapegado da opinião que os outros fazem dele e de tudo o que ele não pode mudar. Epiteto diz que devemos concentrar a nossa atenção nas coisas que podem ser modificadas por nós, como a visão que temos de acontecimentos desagradáveis, a distribuição do nosso tempo e a maneira como realizamos os nossos trabalhos. Ele propõe que a felicidade do homem não depende de condições exteriores, mas tão somente de uma atitude pessoal em relação ao mundo. “Ninguém tem o poder de nos perturbar a não ser que lhe concedamos este poder”, são palavras do mestre do Imperador Antonino.
Diz a tradição budista que toda dor e sofrimento são causados pelo desejo. De fato, se o comentário negativo de uma pessoa não for tomado por nós como tal, ele não terá em nossa alma nenhum efeito, porém, se o ruminamos com ressentimento, ele fará um estrago terrível em nossa vida.
Com relação ao caluniadores, o conselho de Epiteto é o seguinte: “Sempre responda aos que lhe criticam que eles estão sendo muito generosos com você, já que, certamente, você não possui apenas aqueles defeitos”. Muitas vezes, as pessoas avançam como abutres quando vêem uma pessoa caída. O desejo desses indivíduos mesquinhos é ver que podem espezinhar alguém que “errou”, só para se sentirem “corretos”. Contudo, mesmo diante desta escória humana, não devemos ceder à tentação de nos defendermos. O conselho do sábio estóico é o mais eficiente em relação a este tipo de procedimento vil, pois a verdadeira dignidade de uma pessoa é revelada pela altivez que revela diante das agressões covardes de seus algozes.
Em síntese, o grande filósofo e ex-escravo romano, diz-nos que devemos olhar para dentro de nós mesmos e lá enxergarmos a resplandecência de nossas constelações espirituais...