Livro debate ética no jornalismo de SC

 

Monitores da Mídia é ao mesmo tempo uma obra para refletir sobre o jornalismo praticado hoje no País

 “O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter” seria apenas uma frase de efeito a mais no universo das frases feitas. Seria, não tivesse a assinatura do jornalista Claudio Abramo, autor de A Regra do Jogo, não fosse verdade e ele não tivesse outra tão boa quanto a primeira: “Sou jornalista, mas gosto mesmo é de marcenaria...Minha ética como marceneiro é igual à minha ética como jornalista; não tenho duas”. Frases que, aparentemente, foram levadas muito a sério por Rogério Christofoletti, autor de Monitores da Mídia – Como o jornalismo catarinense percebe os seus deslizes éticos, publicado pela Editora da UFSC (EdUUFSC),  que vai ser lançado no dia 1° de julho.

 Nele, Christofoletti aponta para a preocupação de como os jornalistas catarinenses avaliam seus procedimentos éticos no dia a dia das redações e das assessorias de imprensa. Ancorado no código de ética da categoria, ele analisa vários dispositivos de aferição do comportamento profissional, como as comissões de ética dos órgãos de classe e a figura do ombudsman(ouvidor).

 Monitores... é o resultado de um projeto de pesquisa no curso de Comunicação Social – Jornalismo da Univali, e discute a eficácia e a aplicabilidade do código na realidade local, refletindo como os jornalistas administram seus procedimentos. “Não é um raio X dos jornalistas catarinenses e sua relação com a ética, ou mesmo um retrato da classe no seu cotidiano. A pretensão aqui é o desenho de um mapa, de um esquema de como andam as relações da mídia com o público por meio de uma preocupação com a ética”, diz Christofoletti.

 Segundo a professora Cremilda Medina, da Universidade de São Paulo, os autores e profissionais procurados para darem depoimentos pontuam o livro de um desejo de aperfeiçoamento. E como salienta o próprio autor, os caminhos passam pela ética, pela estética e pela técnica.

 Na geração 60, observa Cremilda, todas as mazelas eram atribuídas ao sistema. Hoje, se reconhece a responsabilidade coletiva, grupal e individual em um conflito difícil de enfrentar. “Também se percebe a complementaridade das ações nesse monitoramento proposto pelo autor: ouvidores, discussões internas nas empresas de comunicação, universidade, Conselho de Comunicação, Ordem dos Jornalistas, murais de avaliação nas redações, redes interativas na Internet, espaços nas mídias públicas, cartas dos leitores. Um sem-número de possibilidades de regulação que o caos democrático impulsiona.”

 Para Medina, o tom maior que sacode o leitor de Monitores da Mídia provém da abertura pluralista das ações, sem omitir o fórum íntimo de cada profissional nas situações cotidianas, um aspecto no qual entra a formação universitária. “A cultura que aí se constrói passa inevitavelmente pela solidariedade e Christofoletti e outros pares vêm reafirmar a identidade histórica do Jornalismo e da Comunicação Social. Banhados pela seduções modernas, pós-modernas ou neomodernas, emergem das águas turvas da ética com práticas sociais a favor do cidadão e um desempenho profissional digno do desejo coletivo.”

Monitores de Mídia – como o jornalismo catarinense percebe os seus deslizes éticos

Rogério Christofoletti

EdUFSC e Univali

150 págs; R$ 22,00

Mais informações pelo fone 331-9408, www.editora.ufsc.br, e-mail: rogeriochristofoletti@brturbo.com.br. Fones do autor: 48 – 9997-3105 e 223-3953

Voltar