Esclarecimentos sobre o câncer de cólon e reto (2a.parte/conclusão)
22/8/2003 20:51:40
Theresa Catharina de Góes Campos
, articulista, jornalista, escritora e professora universitária

Não se acanhe, nem se esqueça de perguntar a seu médico sobre o câncer de cólon e reto.

Que efeitos colaterais posso esperar? Quanto tempo vão durar?

Que efeitos colaterais devo informar? A quem devo informar esses efeitos colaterais?

Quem estará envolvido com o meu tratamento e a minha reabilitação?

Qual a função de cada membro da equipe médica que vai cuidar de mim?

Qual tem sido a sua experiência ao tratar de pacientes com câncer colo-retal?

Há grupos de apoio locais, com pessoas que eu poderia procurar para conversar sobre esse meu problema de saúde?

Onde posso encontrar mais informações sobre câncer colo-retal?

A cirurgia, tratamento mais comum, em geral retira o tumor, juntamente com uma parte do cólon saudável ou do reto e os nódulos linfáticos próximos. Na maioria dos casos, o médico reconecta as áreas saudáveis do cólon ou reto.

Quando isso não é possível, torna-se necessária uma colostomia, temporária ou permanente. A colostomia, uma abertura cirúrgica (stoma) por meio da parede do abdômen para o cólon, proporciona um novo caminho para os resíduos alimentares deixarem o corpo. Após uma colostomia, o paciente usa uma bolsa especial para coletar os resíduos do corpo.

Alguns precisam de uma colostomia temporária que permita a recuperação do baixo cólon ou do reto, após a cirurgia. Cerca de 15 por cento dos pacientes de câncer colo-retal necessitam de uma colostomia permanente.

São conseqüências temporárias da cirurgia – dor e sensibilidade no local da operação; prisão de ventre e diarréia. A colostomia pode causar irritação da pele à volta do stoma. O paciente receberá orientação sobre a limpeza do local e a prevenção de infecções e irritações cutâneas.

Pergunte a seu médico: Vou precisar de uma colostomia? Será permanente?

A quimioterapia usa drogas anticâncer para destruir células cancerígenas. Esse tratamento pode ser empregado para destruir células cancerígenas que ficaram no corpo depois da cirurgia, para controlar o crescimento de tumores, ou aliviar os sintomas da doença.

É um tratamento sistêmico, o que significa que os remédios entram no fluxo sangüíneo e percorrem todo o corpo. A maior parte das drogas anticâncer são injetadas diretamente na veia (IV) ou por meio de um catéter, um tubo estreito colocado em uma grande veia, ali permanecendo durante o tempo necessário. Alguns remédios anticâncer são ministrados na forma de comprimidos.

A quimioterapia ataca tanto as células doentes quanto as células normais. Os efeitos colaterais dependem principalmente das drogas específicas e de sua dosagem: náusea e vômitos, perda de cabelo, feridas na boca, diarréia e fadiga. Com menos freqüência, podem ocorrer efeitos colaterais graves, como infecção e sangramento.

A radioterapia envolve o uso de raios-x com elevados níveis de radiação (energia) para destruir as células cancerígenas. Trata-se de uma terapia local, dirigida somente para a área onde estão as células cancerígenas. No câncer do reto, é utilizada com freqüência.

Os médicos podem usá-la antes da cirurgia (para reduzir um tumor de modo a facilitar a sua retirada) ou após a cirurgia (visando à destruição das células cancerígenas que permaneceram na área tratada). A radioterapia também alivia os sintomas. A radiação pode vir de uma máquina (radiação externa) ou de um implante (pequeno recipiente de material radioativo) colocado diretamente no tumor ou em sua proximidade (radiação interna).

Ambos os tipos de radioterapia podem ser aplicados no mesmo paciente.

Como acontece com a quimioterapia, ataca tanto as células doentes quanto as saudáveis. Os efeitos colaterais dependem, principalmente, da dosagem e da parte do corpo que está sendo tratada. Os mais comuns: fadiga, mudanças na pele do local onde o tratamento é ministrado, perda de apetite, náusea e diarréia. Às vezes, a radioterapia pode causar sangramento por meio do reto (fezes com sangue).

Terapia biológica, também chamada imunoterapia, utiliza o sistema imunológico do corpo para combater o câncer, procurando as células cancerígenas e trabalhando para destruí-las. As terapias biológicas são usadas para reparar, estimular ou aperfeiçoar a função natural anticâncer do sistema imunológico. Pode ser ministrada após a cirurgia, isolada ou em combinação com a quimioterapia ou o tratamento de radioterapia. A maioria é injetada na veia (IV).

Na terapia biológica, os efeitos colaterais, freqüentes, também variam com o tipo específico de tratamento: sintomas semelhantes aos da gripe, como arrepios, febre, fraqueza e náusea.

Experiências clínicas (pesquisas) para avaliação de novos meios de tratamento do câncer podem ser uma boa opção para muitos pacientes de câncer colo-retal. Em alguns estudos, todos os pacientes recebem o novo tratamento. Em outros, os médicos comparam terapias diferentes, ministrando o novo tratamento para um grupo de pacientes e a terapia comum (padrão) a um outro grupo.

Pergunte a seu médico: que experiência clínica seria apropriada para o meu caso?

ACOMPANHAMENTO MÉDICO E APOIO EMOCIONAL

Após o tratamento, o paciente deverá seguir disciplinadamente o programa de acompanhamento aconselhado por seu médico. Os checkups regulares garantem que sejam observadas as mudanças. Isso permitirá que, em caso de retorno do câncer, ou o desenvolvimento de um novo câncer, seja tratado o mais rápido possível.

Os checkups podem incluir: exame físico, exame de fezes para verificar a presença de sangue oculto, uma colonoscopia, raios-x do peito, exames de laboratório.

Entre os checkups programados, quem teve câncer colo-retal deverá informar sem demora qualquer problema de saúde a seu médico.

Os aspectos emocionais também precisam ser cuidados. O paciente se preocupa muito, enfrenta dificuldades, conflito de emoções, etc. Tudo isso ao mesmo tempo que deve seguir tratamento médico, fazer exames físicos, conviver com problemas causados pela doença.

Daí ser aconselhável que o paciente procure grupos de apoio, capazes de auxiliarem nos momentos de dúvida e solidão e na melhoria de sua qualidade de vida. Encontrar pessoas que se mostram solidárias, entendem, conversam com o paciente significa obter uma ajuda de valor inestimável, inclusive para evitar uma situação crônica de desânimo ou até depressão.

Theresa Catharina de Góes Campos é articulista do 180graus.com

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