Assim Deus Mandou
“– Não é estrangeira?
- Aqui somos todas irmãs .“ - responde Madre Thérèse.
O cotidiano das religiosas do Carmelo mostra sua disciplina, os trabalhos e os
ideais em que se fundamenta a Ordem, tudo em clima de suspense político e muitos
perigos. Mas há risos e carinho entre as irmãs. E a alegria de Irmã Constance.
“Reze, não há nada mais a fazer.”
Há uma personagem - freira carmelita, mais idosa do que as suas companheiras de
clausura, e surda - na peça O Diálogo das Carmelitas ( La Dernière à l´Échafaud
), de Gertrude Le Fort, obra em que se inspirou o romance de George Bernanos.
“Sempre temi a vida e a morte.”
Quando a Superiora passa por seus momentos finais, está atormentada por visões
de sangue, morte e profanação do convento e da capela.
“Antes dos votos, você, como noviça, tem a liberdade de nos deixar.”
"A caminho do cadafalso" é o título do filme em português para Le Dialogue des
Carmélites (França- 1960, de Philippe Agostini – p/b - 112 min.).
“Onde houver uma carmelita, haverá um Carmelo.”
No elenco, Jeanne Moreau (Mère Marie), Alida Valli (Mère Thérèse), Madeleine
Renaud, Pascale Audret, Anne Doat, Pierre Brasseur, Jean-Louis Barrault.
Sucesso do cinema tradicional francês, o roteiro conta a trágica história de
Blanche de la Force e das religiosas de um convento de Compiègne, entre os anos
conturbados de 1789 e 1793.
Nem os jardins internos do Carmelo escapam da multidão enfurecida. A violenta
invasão do convento, a destruição desenfreada, deixam a Priora profundamente
preocupada com a sobrevivência do Carmelo.
“Não se fala com os furiosos.”
Por não ter jurado à Constituição, renegando a sua condição de sacerdote, o
Capelão das carmelitas está fora da lei, vivendo como fugitivo, disfarçado de
cidadão comum. O medo do irmão de Irmã Blanche, foragido, reflete a situação
difícil.
Após votarem individualmente – com bastante convicção – a favor do martírio – as
religiosas são forçadas a deixar o convento e a se dispersarem, vestidas com
roupas comuns.
“Não somos combatentes. Somos suplicantes.” (afirma a Priora, Mère Thérèse)
Elas prosseguem com sua existência de reclusão, orações e cânticos, regras e
votações secretas. Contudo, a Revolução Francesa não aceita a prática da
religião, não respeita a escolha de vida dos religiosos, fazendo-lhes as piores
ameaças. O pai da noviça covarde (Irmã Blanche – sempre temerosa e com dúvidas,
numa fragilidade visível) é guilhotinado.
“Quando tudo vai mal no país, é preciso culpar alguém. Por que não vocês ? “ -
diz o Comissário à Priora.
"Fielmente transposta para a tela por Agostini, grande diretor de fotografia dos
anos 40 e pelo reverendo Bruckberger, a quem Bernanos havia autorizado a adaptar
seu texto antes de falecer em 1948."
Os acontecimentos inspiraram os diálogos belíssimos, interpretados por atores
famosos.
“– Eu não irei! (Irmã Blanche)
_ Você virá ! Você se juntará a nós! (Madre Marie)
"Bresson teria certamente proposto um tratamento menos convencional."
Os destaques do filme: produção, direção, interpretação, roteiro, diálogos;
fotografia, cenografia, trilha sonora, som, figurinos; reconstituição de rituais
(como a adoração a Jesus Crucificado, a eleição da nova Madre Superiora e o
corte dos cabelos das noviças) e cenários religiosos.
Theresa Catharina de Góes Campos
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