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CENTRAL DO BRASIL
Com direção de Walter Salles,"Central do
Brasil"(Brasil, 1998 - 112 min.) é um filme que
oferece ao público uma história narrada com
beleza de forma e conteúdo.
Os personagens revelam-se brasileiros, latinos,
universais. Vivem seus dramas pessoais com
intensidade...conseguindo uma comovente
identificação com a platéia.
Garoto de nove anos, inteligente e com senso de
dignidade, quer encontrar o pai.A viagem de
Josué em direção a seu passado familiar faz uma
inversão do eixo migratório norte-sul,
proporcionando ao menino a oportunidade de
compreender melhor a sua história como ser
humano.
Acompanhado por uma professora aposentada
(Dora), ele vai inspirá-la a se redimir,
transformando a sua vida, dando-lhe uma segunda
oportunidade para se mostrar solidária e, assim,
melhorar a personalidade que desenvolveu como se
esperança e sentimentos de amizade e amor não
pudessem ser vividos.
É como define muito bem a frase de divulgação do
filme: "um garoto em busca do pai, uma mulher à
procura dos seus sentimentos, um país à procura
de suas raízes".
Expõe-se o analfabetismo como a tragédia que
realmente é, pois atinge o ser humano em sua
dignidade, fazendo com que abdique da
privacidade, no dia-a-dia sem perspectiva.
Sensível, pungente, a trajetória de um garoto em
busca do pai nos leva a refletir com profunda
emoção sobre os laços familiares (frágeis e
fortes ao mesmo tempo) e, sobretudo, sobre a
angústia causada pela ausência paterna.
Toca-se no cerne, na origem de nossos males
políticos e sócio-econômicos, no flagelo
contínuo da população do Brasil: a questão
educacional.
Vencedor dos Prêmios de Melhor filme e Melhor
Atriz (Fernanda Montenegro) no Festival de
Berlim, também foi premiado, nos EUA, pelos
jornalistas especializados e correspondentes,
que lhe concederam o Globo de Ouro de Melhor
Filme Estrangeiro.
Destaque para a produção, direção, fotografia
(Walter Carvalho); para a interpretação de
Fernanda Montenegro, Vinícius de Oliveira e
Marília Pêra ( em interpretação marcante, embora
pequena, como Irene, amiga de Dora) e Matheus
Nachtergaele; para o roteiro e a trilha sonora .
No elenco, estão ainda: Othon Bastos, Otávio
Augusto, Caio Junqueira e Stella Freitas.
"Melhor Filme Estrangeiro" - prêmio concedido,
em abril de 1999, pela Academia Britânica de
Artes (British Academy Awards), derrotando,
inclusive, "A vida é bela ", de Roberto Benigni.
O "Jornal do Senado" publicou, em Brasília
(29/01/99) a seguinte matéria:"Destacando que a
cultura e o talento brasileiro ganharam o olhar
do mundo, o senador Francelino Pereira (PFL-MG)
apresentou o requerimento com voto de aplauso
aos realizadores do filme Central do Brasil pelo
prêmio Globo de Ouro de melhor filme
estrangeiro. O senador elogiou especialmente o
diretor Walter Salles, a atriz Fernanda
Montenegro e o ator infantil Vinícius de
Oliveira.
Para justificar sua iniciativa, Francelino citou
Walter Salles, ao afirmar que "nesta época em
que o país atravessa um de seus mais difíceis
momentos, é importante que o setor cultural
possa mostrar a sua vitalidade, seu senso de
realização".
O senador observou que cultura, lazer e turismo
são também mercados promissores e lucrativos,
nos quais o Brasil precisa se integrar e se
consolidar:"Nestes tempos de globalização, não
só as economias buscam se integrar, mas as
culturas de diferentes países precisam se
conhecer e se unir da melhor forma possível -
disse o senador."
Teve duas (2) indicações para o Oscar 1999:
Melhor Atriz (Fernanda Montenegro) e Melhor
Filme Estrangeiro. Se a premiação tivesse sido
justa, as estatuetas estariam conosco.
Enfatizamos, porém, que estar entre os cinco (5)
melhores,nas duas categorias, já pode ser
considerada uma façanha.
A repercussão no Senado, mais uma vez,
comprova-se por estas matérias publicadas no
Jornal do Senado, em 19 de março de 1999:
"Fernanda Montenegro não é somente a primeira
atriz brasileira a concorrer à cobiçada
estatueta do Oscar, mas a primeira
latino-americana", informou ontem o senador
Francelino Pereira (PFL-MG), ao requerer voto de
aplauso e reconhecimento aos atores e ao diretor
do filme Central do Brasil, que concorre ao
Oscar neste domingo.
O parlamentar considerou os prêmios recebidos
até agora pelo filme êxitos incontestáveis na
trajetória realizada dentro e fora do Brasil: -
Seja qual for o resultado, no próximo domingo,
em Los Angeles, teremos o reconhecimento
intelectual ao valor da cultura brasileira. Mas
a verdade é que muitos povos estarão torcendo,
como nós, brasileiros, pela conquista para o
nosso país da mais ambicionada premiação da
cinematografia internacional - disse Francelino.
O senador destacou que o talento de Fernanda
Montenegro é parte da expressão do talento de
brasileiros reconhecidos dentro e fora do
Brasil, como Tom Jobim, Carmen Miranda, Airton
Senna, Pelé e tantos outros. Ele espera que a
indicação de Fernanda possa, além de melhorar a
auto-estima "de um povo sempre em crise no
caminho do seu crescimento, nos levar a cuidar
mais resolutamente de promover nossa cultura".
Sobre o diretor do filme, Walter Salles Jr.,
Francelino disse que ele levou para as telas uma
história simples e humana, retratando um Brasil
carente onde os exemplos de humildade se
repetem. Também observou que o filme comove
brasileiros, italianos, franceses, alemães e
norte-americanos, nos vários países por onde é
exibido, "mostrando uma face que é só nossa, mas
com problemas e anseios que se podem encontrar
em qualquer lugar, em qualquer país".
Para o senador, o filme é brasileiro em sua
trajetória do Rio de Janeiro à Bahia, Pernambuco
e Ceará, nas belas paisagens, no povo e na
religiosidade, mas tem um tema universal, que é
a procura do homem pela sua identidade.
Em sua análise, também disse que o cinema
nacional passa por ápices e quedas, de tempos em
tempos, mas tem um futuro promissor. Francelino
afirmou que o governo Collor contribuiu para a
quase extinção e o sucateamento da produção de
filmes nacionais. Ele considerou importante e
criação de incentivos fiscais, como leis
federais de apoio à cultura, mas observou que
essas ainda são medidas insuficientes na
formação de uma cinematografia auto-sustentável.
Quanto ao Oscar, disse que, se Central do Brasil
não ganhar, ainda assim os responsáveis pelo seu
sucesso continuarão a ter seu trabalho
reconhecido por todos."
Reforçando o pronunciamento do senador
Francelino Pereira, a torcida do senador Eduardo
Suplicy fundamenta-se em sua opinião de que o
filme é excepcional, apesar de reconhecer todos
os méritos de A Vida é bela, bem como das outras
atrizes que concorrem com Fernanda Montenegro. O
parlamentar afirmou que tanto Central do Brasil
como Fernanda reúnem condições de conquistar o
maior prêmio do cinema internacional. Suplicy
também elogiou o diretor Walter Salles Jr. e o
ator-mirim Vinícius de Oliveira.
O jornal bimestral Livros & Cia. , da rede
Siciliano, concedeu destaque (fevereiro/99) a
nosso filme, já vencedor de mais de 40
(quarenta) prêmios:
"Parábola do Brasil contemporâneo, Central do
Brasil , de Walter Salles Júnior, conta a saga
de Dora (Fernanda Montenegro), que escreve
cartas para analfabetos, e do menino Josué
(Vinícius de Oliveira), que perde a mãe e sai em
busca do pai".(...)
"Juntos, vão descobrindo o afeto, a
solidariedade, uma nova maneira de olhar e viver
a vida e, por que não, o próprio país."(...)
"Central do Brasil começa na maior estação de
trem do Rio de Janeiro para, num segundo
movimento, ganhar a estrada em direção ao
Nordeste. Üma viagem iniciática que se desloca
pouco a pouco para o centro do país", afirma
Walter Salles Júnior.
Segundo o diretor, a primeira parte do filme,
urbana, foi pensada para transmitir uma sensação
de claustrofobia. O fluxo de pessoas na Central
é contínuo, desumanizado. As locações exteriores
(prédio e casa de Dora, de Irene e de Yolanda)
são uma extensão deste mesmo universo, dando uma
sensação de huis clos ao início do filme.
"É como se não houvesse possibilidade para Dora
de escapar deste círculo vicioso ou como se
Josué não pudesse sobreviver a ele", explica
Salles. Ele conta que as rimas visuais
utilizadas no contexto do filme como o vagão de
trem com corredor do prédio de Dora e o exterior
do trem com o prédio de Yolanda reforçam essa
impressão. "Não há horizonte neste mundo, não há
céu, apenas a presença constante do concreto".
Sob o título "Tebet propõe voto de aplauso à
equipe de Central do Brasil", foi publicada a
seguinte matéria no "Jornal do Senado" de
23/03/99:
"Em nome da liderança de seu partido, o PMDB, o
senador Ramez Tebet (MS) apresentou requerimento
para um voto de aplauso e louvor ao filme
"Central do Brasil", ao diretor, atores e
técnicos.
"Num momento em que o país amarga uma crise
séria, a consagração internacional do filme na
festa do Oscar representou uma trégua no
festival de notícias ruins que nos cerca"
enfatizou.Segundo Tebet, é notável que um filme
sério, sem glamour, esteja batendo recordes de
bilheteria, mais de 1,5 milhão de espectadores
no Brasil e 800 mil nos Estados Unidos.
"O diretor Walter Salles Júnior e a atriz
Fernanda Montenegro conseguiram emocionar o
mundo e obter a indicação inédita da "velha
senhora de Ipanema' como melhor atriz na festa
do Oscar. Isso resgata nossa capacidade de
sonhar, em tempos difíceis como os que estamos
vivendo, quando fazer cinema está cada vez mais
difícil."
O senador por Mato Grosso do Sul frisou que,
mesmo sem ter ganho as estatuetas, o filme e a
atriz elevaram o nome do Brasil. "Fernanda
Montenegro continua sendo a alma generosa,
trabalhando como uma operária da cultura. Walter
Salles mostrou talento ao retratar a alma do
brasileiro. Este foi o quarto filme nacional
indicado para o Oscar e tenho a certeza de que
outros seguirão essa trilha", disse Ramez Tebet.
Recursos para a produção cinematográfica
brasileira é o tema do artigo que o Jornal do
Senado publicou, em 29 de março de 1999, sob o
título "Proposta de Estevão garante recursos
para cinema nacional":
"Cinco por cento da renda auferida nas
bilheterias com a exibição de filmes
estrangeiros deverão ser destinados ao
financiamento do cinema nacional, segundo
projeto de lei apresentado pelo senador Luiz
Estevão (PMDB-DF). O senador, que anunciou seu
projeto na sessão plenária de sexta-feira, pediu
apoio do governo à proposta, alegando que será
de interesse da cultura brasileira. Luiz Estevão
lembrou que os senadores Lauro Campos (PT-DF) e
Francelino Pereira (PFL-MG) também já
apresentaram projetos semelhantes e pediu que se
juntem na defesa dessa proposta.
De acordo com o senador, cinco por cento da
renda auferida nas bilheterias com a exibição de
filmes estrangeiros representam recursos da
ordem de R$ 12 milhões por ano, o que daria para
financiar quatro filmes do porte de Central do
Brasil.
- O cinema é uma indústria e uma das maiores no
setor do entretenimento, por isso deve receber
suporte financeiro. Somos um país riquíssimo
culturalmente, com grandes artistas, mas nossa
língua é de difícil aceitação em outros países e
nossa cultura é pouco consumida em todo o mundo.
Já países desenvolvidos, como a Itália, não
fazem apenas um filme para o seu mercado, o que
viabiliza a possibilidade de investimento no
produto que fabricam - observou.
Na justificação do projeto, o senador informa
que se inspirou na idéia lançada em uma
entrevista à imprensa pelo diretor de Central do
Brasil, o cineasta Walter Salles Jr., de que o
filme estrangeiro exibido no Brasil contribua
para o financiamento do produto nacional.
O resultado da premiação do Oscar, criticou Luiz
Estevão, é ditado por interesses financeiros e
não exatamente por interesses culturais. Ele
disse que a globalização econômica, com reflexos
nas empresas estatais, que estão sendo vendidas,
e em diversos serviços no país, deveria também
ser estendida à cultura nacional. "Até hoje não
vi o governo se esforçar para globalizar a
cultura brasileira", observou.
Em apartes, os senadores Lauro Campos e Marluce
Pinto (PMDB-RR) apoiaram a proposta. Lauro
Campos agradeceu a Luiz Estevão por incluir sua
proposta original no projeto, e reclamou que 80%
a 90% de suas idéias são abortadas durante a
tramitação no Congresso. O senador petista
considera necessário que o cinema receba ajuda
financeira para poder expressar a criação
cultural."
Sob o título "Francelino celebra Fernanda
Montenegro", foi publicada a seguinte matéria no
"Jornal do Senado" de 15/04/99: "Para o senador
mineiro, homenagem à atriz de Central do Brasil,
condecorada com a Ordem Nacional do Mérito, é
mais que merecida e o cinema brasileiro mostrou
o seu valor com filme de Walter Salles Jr.
Celebrando a entrega pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso da Grã-Cruz da Ordem Nacional
do Mérito à atriz Fernanda Montenegro, o senador
Francelino Pereira (PFL-MG) afirmou ontem que
essa foi uma homenagem mais que merecida, visto
que ela foi não somente a primeira atriz
brasileira a concorrer ao Oscar, como a primeira
latino-americana.
Ele informou que, na semana passada, o filme
Central do Brasil, de Walter Salles Jr., trouxe
mais um importante prêmio para o cinema
brasileiro, o British Award. Premiado na
Inglaterra como melhor filme estrangeiro, o
filme brasileiro desta vez derrotou A Vida é
Bela, de Roberto Benigni.
Para o senador, esse foi o maior reconhecimento
do cinema inglês a um filme estrangeiro e veio
confirmar a experiência de Walter Salles Jr. e
Fernanda Montenegro na disputa pelo Oscar, assim
como o entendimento de ambos de que o prêmio
norte-americano depende mesmo é de
marketing.Essa avaliação de Fernanda e Walter é
a expressão prática de um momento muito especial
para a cinematografia brasileira. Digo que sua
expressão é prática porque eles estiveram lá e
falam por experiência própria, direta -disse o
parlamentar.
Na opinião de Francelino Pereira, esse é um
momento muito especial porque vai se tornando
cada vez mais clara, tanto para os que trabalham
no setor cinematográfico quanto para os que o
estudam, uma preocupação não só com o cinema
enquanto arte, mas também com o cinema enquanto
indústria. Isso quer dizer que os dois tipos de
cinema precisam um do outro. Quer dizer que,
para o cinema brasileiro desenvolver-se enquanto
arte, ele precisa desenvolver-se também como
indústria. Essa síntese vale para o cinema de
qualquer país e de todos os países, vale para o
cinema como um todo- afirmou."
Ao destacarmos a produção, direção,
interpretação, fotografia, trilha sonora e
roteiro de "Central do Brasil", desejamos
enfatizar, igualmente, a sua capacidade de
comunicação com o público de todas as idades e
classes sócio-econômicas. Brasileiros e cidadãos
de outras nacionalidades recebem, no coração, a
sua mensagem universal.
Theresa Catharina de Góes Campos
(Obs. Assisti ao filme no cinema, mas pode ser
encontrado em vídeo Europa Carat.) |
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