Homem-Aranha é filme de um fã, afirma diretor
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Crédito da Foto: BBC
Ana Maria Bahiana |
LOS ANGELES - As bilheterias falaram: mais de US$ 114 milhões (cerca de R$ 280
milhões) nos primeiros dias em cartaz, a maior estréia da história do cinema.
Números que provam acima de qualquer suspeita, que o Homem-Aranha, versão tela
grande, safra 2001, conseguiu agradar todos os segmentos da platéia americana.
Até, e principalmente, os ardorosos e temidos fãs dos quadrinhos originais da
Marvel, criados na alvorada da década de 60 por Stan Lee e Steve Ditko.
Para o diretor Sam Raimi foi um triunfo pessoal duplo: ele agradou aos exigentes
fãs e imprimiu um estilo próprio a um projeto que já foi a menina dos olhos de
James Cameron, que dirigiu Titanic.
Também sou fã
Em entrevista à BBC Brasil, Raimi disse que não quis fazer o Homem-Aranha de Sam
Raimi: "Eu quis fazer o personagem de Stan Lee e Steve Ditko. Minha visão foi
simplesmente voltar à visão original deles”.
Os fãs desconfiaram desde o início desse diretor de filmes de terror e de suas
primeiras escolhas. Principalmente quando ele elegeu o plácido e cerebral Tobey
Maguire para o papel-título.
Raimi conta que a pressão começou ainda antes. Na fase de pré-produção, ele
recebeu um abaixo-assinado com 500 nomes, no qual um grupo de fãs americanos
ameaçava boicotar o filme, se ele não desistisse de uma alteração na história
original.
"É claro que procurei respeitá-los, mas não podia permitir que eles comandassem
o projeto", explicou, confidenciando que achou que, se esses 500 fãs eram tão
loucos pelo Homem-Aranha a ponto de tentarem influenciar o filme, não iriam
conseguir deixar de assisti-lo.
“Os fãs são muito importantes e eu sei disso, porque também sou um fã",
acrescentou Raimi.
Antes de Titanic, Cameron chegou a escrever uma versão do roteiro e pretendia
dirigir e produzir o filme.
Mas desistiu do projeto em 1997, diante do complicado emaranhado legal que
cercava o título.
Como proposto por Cameron, Raimi ateve-se às origens do herói, mostrando a
transformação do tímido Peter Parker - um jovem fotógrafo aspirante dos
subúrbios de Nova York - no Homem-Aranha, criatura dotada de fantásticos poderes
de locomoção, agilidade e percepção, após ser mordido por uma aranha
geneticamente modificada.
”O Homem-Aranha é possivelmente o mais humano de todos os super-heróis. É o mais
proximo de nós, e certamente o mais próximo do leitor adolescente. Tivemos
recentemente eventos em Nova York que mostraram o quão heróicas pessoas comuns
podem ser. Em nenhum momento eu quis trivializar os feitos destas pessoas com
meu filme que, afinal, é uma fantasia sobre heroísmo”, explica Raimi.
Em que pesem as vertiginosas cenas de ação – uma inebriante composição de
efeitos digitais e tradicionais – nas quais o herói enfrenta o interessante
Duende Verde, interpretado por Willem Dafoe - o Homem-Aranha é em seu coração,
um filme romântico, mais interessado nos conflitos interiores de Peter Parker, e
em seu complicado amor pela doce vizinha M.J. (Kirsten Dunst).
Na verdade, de todas as cenas eletrizantes do filme, a que provavelmente vai
permanecer por mais tempo na lembrança da platéia é a do terno e estranho beijo
entre o herói e MJ - debaixo de chuva e de cabeça para baixo. (BBC/Ana Maria
Bahiana)
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