Theresa Catharina de Góes Campos

  O LADRÃO

Co-produção russo-francesa, "O Ladrão" (Bop - 1997, de Pavel Chukhrai) é desses filmes que eu considero capazes de "tirar lágrimas das pedras", de tão comovente, trágico e pungente.

Candidato, em 1998, ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, tem roteiro realista; com ótima produção, direção, interpretação, fotografia e trilha sonora, mostra o drama de uma jovem mãe, solitária inclusive na hora do parto.

Terminada a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a população enfrenta problemas sócio-econômicos, entre os quais se destaca a demanda de moradia. Mãe e filho não sabem o que fazer, nem para onde ir, quando encontram um militar charmoso que rouba regularmente, para desespero da mulher, que ele passa a apresentar como esposa.

O garoto sofre muito com a falta do pai, soldado que voltara ferido da guerra e logo morreu. A criança percebe a situação, ficando preocupada, também, com as discussões do casal. A carência afetiva do menino é bastante profunda.

O diretor fez testes em mais de mil garotos, sem ficar totalmente satisfeito, inclusive com Andrej Chalimon, do premiado "Kolya", de nacionalidade russa. O pequeno Misha Filipchuk alcançou tanto sucesso com sua estréia nesse filme que, em seguida, atuou em mais três produções cinematográficas.

Seu personagem reflete as grandes e dolorosas chagas da infância: o descaso emocional, a delinqüência, o aprendizado da violência, o abandono nos aspectos físicos e afetivos. Que tragédia!

Theresa Catharina de Góes Campos
 

Jornalismo com ética e solidariedade.