|
|
|
|
O SILÊNCIO
O diretor Mohsen Makhmalbaf definiu "O Silêncio"
(Soukut -Tadjiquistão/ Irã/França - 1998) como o
seu "Gabbeh do som", ao retratar com lirismo de
imagem, palavras e ruídos, o cotidiano de um
menino cego (interpretado pela garota Tahine
Normatova) que trabalha como afinador de
instrumentos. A criança está atenta aos sons da
cidade barulhenta, interferindo poeticamente no
silêncio. Encantado com a "sinfonia" da vida, o
menino chega sempre atrasado ao trabalho.
Singelo, magistral, utilizando-se de não-atores,
o cineasta tem um roteiro simples de
ficção-documentário que traduz (registra,
recorda) a infância como fábula. Destaque para a
produção, direção, interpretação; a fotografia;
o roteiro; e a trilha sonora.
A menina, que acompanha o garoto cego em seu
trajeto diário para afinar instrumentos
musicais, expressa solidariedade, amizade
contínuas, assim como manifesta uma feminilidade
de amadurecimento precoce.
O público, mais uma vez, se deixa atrair pelas
cores, por todos os sons e pelos intérpretes da
visão artística de Makhmalbaf - diretor iraniano
de estética apurada, riquíssimo na observação da
realidade e utilização de símbolos e metáforas.
(Ver outros filmes iranianos, como "Gabbeh", "O
jarro", "A maçã", etc.)
Theresa Catharina de Góes Campos |
|
|
|