Theresa Catharina de Góes Campos

  PRÍNCIPES E PRINCESAS

PRÍNCIPES E PRINCESAS: UM PRESENTE DE REI!

Desenho animado realmente criativo, prazeroso para crianças, adolescentes e adultos (sejam estes, leigos ou profissionais da área de educação), " Príncipes e Princesas" - (Princes et Princesses -França, 1999 - 80 min. ) tem roteiro e direção de Michel Ocelot, autor dos 6 (seis) contos narrados (em linguagem lírica encantadora) por este belo filme.
Original, engraçado e romântico, traz silhuetas dinâmicas, em jogos de sombras e luz, que se despejam nos fotogramas de belas cores e sons atraentes. Como na linda cena das formigas-vagalumes, transformando o cenário numa deslumbrante experiência visual.

"- Mas não há personagem para mim!

- Ora, seja criativa! Escolha um papel e faça dele um personagem feminino."

Os diálogos - muito interessantes - revelam a aplicação da técnica de RPG ("role-playing games" ), onde os participantes exercem a sua decisão pessoal ao colocarem, nas histórias, uma perspectiva individual, fruto de sua própria inspiração, que vai guiar o processo de desenvolvimento da trama e do comportamento dos personagens.

"- Príncipe, você me ama?

- Sim!

- Por quanto tempo?

- Para sempre!"

Destaques de " Príncipes e Princesas": produção, roteiro, direção, fotografia, montagem, trilha sonora (Dolby); direção de arte, cenografia, figurinos e adereços nos desenhos; movimentação das figuras; a pontuação musical das histórias; as passagens de um conto para outro; a transmissão de emoções.

"- E sonhe com os figos!

- Prefiro sonhar com rainhas..."

O fio condutor da narrativa é o trio de protagonistas: uma garota, um menino e um velho técnico desempregado, que incentiva os jovens a encenarem peças de teatro, exercendo suas fantasias de forma fantástica, inclusive procurando textos encontrados em bibliotecas. Entusiasmados, eles se transformam em herói e heroína dessas histórias, que interpretam com bastante criatividade. Como personagens das dramatizações, viajam no espaço e no tempo, para diversos países, em diferentes épocas históricas . Os contos têm humor e poesia, além da sagacidade dos protagonistas.

A narração da época medieval envolve estratégias, uso de instrumentos e armamentos; e a manipulação de situações. O rei promete dar a mão da princesa em casamento para o homem que for suficientemente corajoso para entrar na fortaleza onde vive a bruxa...e conseguir matá-la.
Enquanto os candidatos à recompensa logo se lançam ao ataque, o herói aguarda, afirmando:

"Ainda não estou preparado: estou pensando. (...)

Continuo observando...ainda não estou preparado para entrar e enfrentar a bruxa.(...)

Deveríamos conquistar o castelo, e não, destruí-lo."

Quando ele resolve deixar seu posto de observação, a estratégia vitoriosa é perguntar:

" - Posso entrar?

- É o primeiro que pede permissão para conhecer este meu castelo. Quer entrar?

- Sim!

- Seja bem-vindo."

A bruxa lhe mostra, gentilmente, com muito prazer, a biblioteca, a oficina, os seus jardins. E, para surpresa de todos, o herói comunica ao rei a sua decisão...

Logo após o desfecho dessa história, o público é brindado com uma pausa, recebendo o convite para conversar um pouco durante um minuto.
"O filme apresenta um universo de elegantes e encantadoras figuras que deslumbram espectadores de todas as idades, mostrando a beleza do Antigo Egito, a poesia da arte japonesa, o romance na Idade Média e os prodígios do ano 3000."

Nos vários países, cenários das narrativas, os personagens se movimentam de acordo com as suas culturas, reveladas, também, por suas músicas.

No Japão do século XIX, a senhora idosa faz uma pergunta bem perturbadora ao assaltante que pretendia lhe roubar o precioso casaco:

"- E você usa a sua força para fazer o bem? (...)
A velhinha se recusa a descer das costas do homem ameaçador. Esperta, mostra que pode estrangulá-lo. Exige que ele a conduza a um belo passeio, para ver paisagens deslumbrantes. Ela recita poemas. No final da noite, que a velhinha diz ter sido maravilhosa, ela dá um presente ao ladrão:

"Tome, o casaco é seu."

Depois da fábula do pobre, mas inteligente e articulado treinador de aves, passamos a rir com uma história em que a troca de beijos provoca sucessivas transformações, todas inesperadas, aparentemente absurdas. O príncipe e a princesa se transformam em sapo e lesma; o sapo vira borboleta, e a princesa, um louva-a-deus. Tudo isso como efeito de um simples beijo!

"- Estou cega!

- Não, ponha a cabeça para fora. Você agora é uma tartaruga."

O conto prossegue, espirituoso, mantendo a nossa atenção.

Despertamos de nosso sonho, tecido com fios de ouro brilhantemente coloridos por meio da arte, quando, tão de repente, ouvimos:

"Por esta noite é só..."

Ah, que pena, o filme terminou. Quem sabe o diretor (o mesmo de " Kiriku e a Feiticeira") e sua equipe ainda vão nos brindar, no futuro, com outra obra cinematográfica, tão encantadora (nota dez!) quanto a que acabamos de apreciar.

Theresa Catharina de Góes Campos

Para fotos, ver:
http://www.maisfilmes.com.br/filmes/principes-princ.html

Olá, Theresa Catharina! Muito obrigada por sua bela crítica do filme "Príncipes e Princesas". Você me autoriza divulgá-la? Um abraço!

Telma
Programadora e Gerente do Cine Dois Candangos
Unb -Universidade de Brasília

 

Jornalismo com ética e solidariedade.