Theresa Catharina de Góes Campos

  SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO

Comédia dramática e romântica, uma das mais famosas peças do teatro de Shakespeare, "Sonho de uma noite de verão" (William Shakespeare's a Midsummer Night's Dream - EUA, 1999 - de Michael Hoffman - 100 min.) tem beleza de forma, conteúdo e sons.

Versão ambientada no século dezenove, em cidade italiana (com bicicletas e gramofone), os personagens humanos estão envolvidos emocionalmente em tramas afetivas. Está próximo o casamento de Teseu e a amazona Hipólita, quando Egeu vem se queixar da desobediência de sua filha Hérmia, prometida a Demétrio, mas apaixonada, e correspondida, por Lisandro. Vemos, então, como a mulher ainda era considerada propriedade do pai e, depois de casada, propriedade do marido. À jovem enamorada e rebelde, o pai ameaça com a morte ou condenação à vida em um convento. Ela tem a coragem de afirmar que tais penas lhe seriam menos difíceis de enfrentar do que entregar sua virgindade a quem não deu o seu amor. Helena também se mostra angustiada porque se apaixonou por Demétrio, que sente desprezo por ela.

"Deus, como são idiotas esses mortais!"

Todo esse cenário sentimental do amor humano vai sofrer a intervenção de uma "força superior".
 
Quando Hérmia chora, Lisandro a consola dizendo que ele jamais conheceu amor verdadeiro que tivesse um curso tranqüilo.

"O amor não vê com os olhos, mas com a mente. Por isso Cupido é alado e cego."

Para a festa de casamento, organiza-se um concurso teatral. E um pequeno grupo de artesãos locais se reúne para ensaiar o texto que vão apresentar: a história trágica do amor de Píramo e Tisbe (lenda em que Shakespeare se inspirou para escrever a tragédia de Romeu e Julieta).
Os jovens amantes da Antigüidade enfrentavam a oposição de suas famílias. Para conversar, utilizavam o buraco no muro que separava suas casas. Combinam um encontro na floresta. Tisbe chega antes de Píramo; atacada por um leão, consegue fugir, mas deixa seu véu com o animal. Píramo, aparecendo logo depois, não mais encontra sua amada Tisbe, e vendo o Leão com o tecido ensangüentado, em desespero se mata. Tisbe retorna ao local combinado, deparando-se com o rapaz morto... Apaixonada, também se mata.

Antes de começarem a apresentação, os atores da Commedia dell'Arte rezam, juntos, em latim, a Ave Maria. Estão unidos na ansiedade, com uma amizade fundamentada no amor à sua arte improvisada, em suas preocupações comuns.

Destaques: apresentação dos créditos iniciais (prólogo do filme ); produção, direção, interpretação; elenco: Kevin Kline, Michelle Pffeiffer, Ruper Everett, Calista Flockhart, Stanley Tucci, Christian Bale e Sophie Marceau; fotografia; efeitos especiais; trilha sonora (árias de óperas famosas, como "Una lacrima furtiva", "Brindisi", "Celeste Aída", entre outras); execução da Orquestra Sinfônica de Berlim; direção de arte, reconstituição de época, cenografia, figurinos, adereços; maquiagem (principalmente a maquiagem de rosto e corpo dos personagens mitológicos).

No mágico mundo da natureza, aparecem duendes, fadas, sátiros, faunos, a Medusa, as duas faces de Jano (deus que deu origem ao mês de janeiro, com dois rostos - um deles, olhando para o passado, o ano que terminou, o outro, olhando o ano que se inicia, o hoje, o futuro, o amanhã).

O rei dos Duendes, Oberon, e sua esposa, a Rainha Titânia, brigam ...para depois fazer as pazes, redescobrindo a sua paixão.

Quando os casais humanos vão se recolher a seus quartos, fala-se da "hora mágica das fadas", com a bênção aos casais e à sua prole.

O varredor noturno das ruas da cidade - um disfarce para o duende Puck, nos convida:

"Juntemos as mãos e seremos amigos."

(Obs. Assisti ao filme no cinema, mas pode ser encontrado em vídeo Fox Home Entertainment.)

Theresa Catharina de Góes Campos
 

Jornalismo com ética e solidariedade.