COM
SHREK, KATZENBERG REVOLUCIONA OS
CONTOS DE FADA
Após
ter obtido um grande sucesso além da linha do Atlântico, o filme de animação
chega com grande sucesso às telas européias. Produzido pelos Estúdios Dream
Works, ele obteve sucesso no último festival de Cannes onde recebeu o prêmio
2001 de Educação Nacional. Dessa
forma, “Shrek” promete um espetáculo hilariante. Encontro com seu produtor.
LE
FIGARO
Texto escolhido por Emmanuèle Frois
Publicado em 4 de julho de 2001, página 24
Em
maio último, durante o Festival de Cannes, Jeffrey Katzemberg nos recebeu em
sua suíte no Hotel Carlton, com um sorriso nos lábios, “orgulhoso” pela
indicação de Shrek. Mas o co-fundador do Estúdio DreamWorks junto com Steven
Spielberg e David Geffen não sabia ainda que Shrek, sua nova produção de
desenho animado, lançado no dia 18 de maio nas telas americanas, ia tornar-se
um “blockbuster” com mais de 227 milhões de dólares de receitas...
O
filme Shrek apresenta a história de um monstro verde, uma princesa Karatéka,
um jegue volúvel, um rei-anão que não tem nada de príncipe charmante, um
dragão fêmea apaixonado... Com Shrek, pequena obra prima com imagens digitais realizada
por Vicky Jenson e Andrew Adamson, os contos de fadas não são mais o que eram
antes. E ainda bem. Katzenberg como
Shrek, não pratica a língua das madeiras.
Ele comenta livremente seu percurso, sua saída dos Estúdios Disney, a
criação de DreamWorks em 1994 e seus desejos de fundador.
Ele era agora, Jeffrey Katzenberg... um monstro que comerá o rato?
LE
FIGARO: Qual era sua opinião com relação aos desenhos animados quando você
trabalhava nos Estúdios Disney?
Jeffrey
Katzenberg: Restaurar os sonhos de Walt Disney. Redescobrir sua fórmula.
Qual
é agora sua opinião após a criação de DreamWorks em 1994?
Criar
uma fórmula diferente. Levar o desenho animado para além dos limites históricos.
O fato de participar do Festival de Cannes com Shrek, em competição
oficial, representa o ponto culminante de minha carreira.
Durante décadas, os filmes de animação foram considerados como de “cartoons”
– um termo, aos meus olhos, pejorativo e que não tem sentido. Em Cannes,
houve o reconhecimento de nosso trabalho.
Qual
era a idéia de Shrek?
Romper
as convenções, ser irreverente e subversivo.
Você
apresenta essas características?
Algumas
pessoas afirmam que sim! Mas eu não
me considero com essas características.
Contudo
em Shrek, o reino do rei-anão se parece com o parque desumanizado do rato de
grandes orelhas.... Um golpe publicitário?
Todos
parecem detestáveis... Nós
revertemos os ícones através de um humor sádico e de forma bastante lúdica.
Se eu tivesse essas opiniões contrárias à Disney, ninguém
descobriria.... Nós
também não apoiamos Matrix, O Tigre e o Dragão....
Quem o diz? Mas eu assumo, era a regra do jogo.
Bem
antes de Shrek, Toys Story foi o primeiro a revolucionar a animação em
imagens de síntese.
Exato.
Você sabe como descobrimos os pioneiros?
Não.
São
os que têm flechas nas costas (risos)! Shrek é o sexto filme de animação
realizado em imagens digitais. E ele vai ainda mais longe, tanto em relação à
forma quanto ao conteúdo. Mas nós
nos encontramos apenas no início de uma tecnologia plena de promessas.
O
que você pensa da concorrência?
A
competição ocorre essencialmente entre duas companhias...
Mas, de uma certa forma, nós completamos o estúdio Disney.
Eles oferecem menos humor. Mas
o mercado é suficientemente grande para todos.
Inicialmente
quem teve a idéia de criar a DreamWorks?
A
idéia foi minha. Eu disse à Steven Spielberg, eu estou sem emprego, sem ter o
que fazer, vamos criar um estúdio.
O
que ele respondeu?
Vamos
discutir o assunto! Isso faz quase sete anos...
DreamWorks
é um império?
Não,
eu não sou um imperador, mas um fundador. Steven é um sonhador, David Geffen
um empreendedor. É por esse motivo que nós formamos uma equipe tão boa. Nós
construímos, não um império, mas uma ilha paradisíaca.
Quais
são seus projetos de desenho animado?
No
próximo ano, será lançado Spirit: Stallion of Cimarron, as aventuras
de um cavalo selvagem, no Oeste americano no início do século XIX.
É um desenho animado tradicional, visto pelo ponto de vista dos animais
como aconteceu em “O Rei leão”.
E depois, após “A Fuga das Galinhas”, nós continuamos nossa
colaboração com os Estúdios Aardman com “A lebre e a Tartaruga”.
Enfim, na animação de origem digital, trabalhamos com a história de um
grupo de elefantes envolvidos em uma missão impossível, do tipo “Doze
Condenados”.
Você
disse estar orgulhoso em ter o filme Shrek
competindo em Cannes. Quais são seus outros motivos de orgulho?
Minha
vida pessoal, eu estou casado há 27 anos, e tenho duas filhas gêmeas de 18
anos. Minha parceria com os amigos
Steven Spielberg e David Geffen...
E
o fracasso? Você tem medo dele?
Quando
se caminha em direção à excelência há o direito a erros.
Para estar entre os melhores, é preciso ser único, original, diferente,
estar pronto para enfrentar riscos e para, algumas vezes, cometer erros. Eu
detesto fracassos. Mas eu os aceito. O
fracasso é relativo, é uma questão de ponto de vista.
Atualmente, eu considero o fato de ter deixado a Disney como uma benção.
E
na época?
Isso
foi muito doloroso, humilhante, desagradável.
Deixar
o estúdio Disney foi, contudo, uma decisão própria!
Você
está sendo amável para me poupar... Mas eu fui obrigado a deixá-lo mesmo se,
tecnicamente, eu trabalhei até o último dia de meu contrato.
Michael Eisner, após dezenove anos de bons e louváveis serviços, me
virou as costas. Eu entrei na justiça.
E ganhei...
David
Geffen diz: “Comparado à Jeffrey,
todos na cidade estão de férias.” O que você pensa disso?
(Risadas.)
Eu considero o trabalho como férias!
Quando eu comecei a trabalhar na Disney eu não conhecia nada de desenhos
animados. Eu me apaixonei por eles,
tornou-se minha paixão.
É
um belo fim!
Não,
somente um capítulo.
1TRADUÇÃO
DE ELIZABETH FERNANDA C. BARROS
Assessora Executiva do Cineclube dos Educadores
e da Assessoria de Imprensa Theresa Catharina
REVISÃO DE THERESA CATHARINA G. CAMPOS
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