TOM CRUISE DEIXA CAIR A MÁSCARA |
Produtor e intérprete, ele vive entre o sonho e a realidade em “Vanilla Sky” de Cameron Crowe. Nesta comédia dramático-fantástica, refilmagem do filme “Abra os olhos”(1997) de Alejandro Amenabar, o ator faz o papel de um homem sedutor e rico. Mas após um acidente de carro, ficou desfigurado. FONTE: www.lefigaro.fr Brigitte Baudin, com a colaboração, em Los Angeles, de Marianne Ruuth Publicado em 22 de janeiro de 2002. Ele parece amável, sociável, brilhante. Ele tem tudo do homem ideal, com seu sorriso luminoso, seu olhar franco e sua aparente desenvoltura. Na verdade, Tom Cruise está envolvido em luzes e sombras. Sua personalidade é complexa, reservada, enigmática. Uma infância difícil lhe deixou traumas em sua alma, uma falta de segurança e de confiança em si. Para ele, nada está ganho. Tudo tem que ser conquistado com muito esforço. Sua doutrina: o trabalho, o trabalho, o trabalho. É um perfeccionista em busca da pedra filosofal, um jogador sempre em busca de desafios. Seus filmes, seus papéis comprovam isso. Não viveu ele, sucessivamente, os papéis de estudante sem sucesso de Princeton em “Negócio Arriscado” de Paul Brickman, o piloto de elite de “Top Gun” de Tony Scott, o veterano alcoólatra e paralítico do Vietnã em “Nascido em 4 de Julho” de Oliver Stone, o especialista em sinuca em “A cor do dinheiro” de Martin Scorsese, o irmão de um autista (Dustin Hoffman) em “Rain Man” de Barry Levinson, o jovem executivo de “A Firma” de Sydney Pollack ou o marido ciumento imerso no mundo do sexo em “Olhos Fechados” de Stanley Kubrick? Hoje, Tom Cruise parece enfrentar um novo desafio. Ele é produtor e intérprete (ao lado de Penélope Cruz e Cameron Diaz) de “Vanilla Sky” (título inspirado nos céus de tonalidade baunilha de Monet) de Cameron Crowe, a refilmagem de “Abra os olhos” do realizador espanhol Alejandro Amenabar. Nessa comédia dramático-fantástica, ele encarna David Aames, um editor-chefe nova-iorquino sedutor, rico, mas solitário, mesmo tendo muitas aventuras. Após um acidente de carro, ele fica desfigurado e se vê obrigado a usar uma máscara. Ele não teve sorte, acabara de encontrar seu verdadeiro amor na pessoa de Sofia (Penelope Cruz), uma imigrante de dentes longos. “Eu queria trabalhar novamente com Cameron Crowe, explica Tom Cruise. Eu tive excelentes recordações de nossa parceria, cinco anos atrás, em “Jerry Maguire”. Ele é inteligente, humano. Aprecio sua maneira de escrever, sua visão do mundo. Ele é também um excelente diretor de atores. Ele nos incentiva a superar nossos limites. A enfrentar novos desafios, assim, a progredir. Isso me agrada! Cameron nos mostrou, a Paula Wagner (com quem fundei uma empresa de produção) e a mim, “Olhos Abertos”, o filme de Alejandro Amenabar sobre as traições da realidade. O tema nos interessou muito. Nós, então, demos sinal verde para ele. O universo de Amenabar nos fascinou. Produzimos, em seguida, “Os Outros”, um thriller de suspense no qual a heroína é, magnificamente, interpretada por Nicole Kidman”. Tudo se resume a uma história de família. Penelope Cruz, a nova companheira de Tom Cruise depois de seu divórcio com Nicole Kidman, anunciado em janeiro de 2001, pertence também ao universo de Alejandro Amenabar. Na verdade, ela interpretou, na versão original, o personagem de uma jovem e despreocupada sonâmbula. Quando ela soube do projeto de refilmagem, ela naturalmente se interessou pelo papel de Sofia. Após ter seduzido Matt Damon (durante as filmagens de “Si jolis chevaux” – título da versão em francês) e Nicolas Cage (em “Capitão Corelli”), só restava à intérprete de Almodovar (“Tudo sobre sua mãe”) conquistar Tom Cruise. Missão cumprida. Ela interpreta seu papel, nas telas como na vida, com perfeição. Feliz de reviver uma bela história de amor, Tom Cruise se dedicou pessoalmente e inteiramente a este filme. “Viver o papel de alguém desfigurado após um acidente não foi minha primeira motivação, confessa. O que me interessou, contudo, no personagem, era sua evolução constante. Ele se liberta aos poucos de sua letargia, de sua vida de conforto. Ele acorda para uma nova vida tendo consciência de suas responsabilidades em relação a si mesmo e aos outros. Ele, enfim, enfrenta a realidade. Ele se questiona sobre a morte, a fragilidade da existência e do amor. Ele mostra que é preciso viver cada minuto como se fosse o último. Eu acredito completamente nesta filosofia. A felicidade, para mim, é uma vida sem mentiras e uma sucessão de momentos intensos.” A espiritualidade é essencial na vida de Tom Cruise. Aos 17 anos, ele quase virou monge. Viveu durante um ano com os Franciscanos antes de descobrir que tinha se enganado de vocação. Sua busca espiritual e de identidade o conduziu, em seguida, à Igreja da Cientologia, como aconteceu com John Travolta. Ele não gosta muito de falar sobre este acontecimento, mas não discorda de nenhum de seus princípios. Ele avalia que isso é “sua tábua de salvação” após uma infância nômade e traumatizante. Seu pai, engenheiro de eletricidade, alcoólatra e violento, bate nele constantemente usando bastões de beisebol, aterroriza sua mãe e suas três irmãs. Seus pais se divorciaram em 1975. Tom estava com 13 anos. Ele, então, torna-se o chefe da família. Ajuda sua mãe vendendo jornais, passando roupas e, à noite, nos restaurantes. Sem futuro, à deriva, ele quase seguiu o caminho da delinqüência. Ele sonha ser ator desde os cinco anos mas ele é disléxico. “ Eu faço parte da Igreja da Cientologia desde os quatorze anos, diz ele. A igreja ajudou a orientar minha vida. A ter confiança em mim. A confiança em si é a chave do sucesso. A cientologia me ajudou também a me curar da dislexia, a satisfazer minha vontade de aprender, de explorar e de vencer meus problemas existenciais. Mas eu não faço proselitismo. Cada um tem o direito de viver, de crer, como bem queira.” 1TRADUÇÃO
DE ELIZABETH FERNANDA C. BARROS (Obs. ver o texto em francês na seção Artigos deste site: “Tom Cruise tombe le masque.”) |
TOM CRUISE DEIXA CAIR A MÁSCARA |
Produtor e intérprete, ele vive entre o sonho e a realidade em “Vanilla Sky” de Cameron Crowe. Nesta comédia dramático-fantástica, refilmagem do filme “Abra os olhos”(1997) de Alejandro Amenabar, o ator faz o papel de um homem sedutor e rico. Mas após um acidente de carro, ficou desfigurado. FONTE: www.lefigaro.fr Brigitte Baudin, com a colaboração, em Los Angeles, de Marianne Ruuth Publicado em 22 de janeiro de 2002. Ele parece amável, sociável, brilhante. Ele tem tudo do homem ideal, com seu sorriso luminoso, seu olhar franco e sua aparente desenvoltura. Na verdade, Tom Cruise está envolvido em luzes e sombras. Sua personalidade é complexa, reservada, enigmática. Uma infância difícil lhe deixou traumas em sua alma, uma falta de segurança e de confiança em si. Para ele, nada está ganho. Tudo tem que ser conquistado com muito esforço. Sua doutrina: o trabalho, o trabalho, o trabalho. É um perfeccionista em busca da pedra filosofal, um jogador sempre em busca de desafios. Seus filmes, seus papéis comprovam isso. Não viveu ele, sucessivamente, os papéis de estudante sem sucesso de Princeton em “Negócio Arriscado” de Paul Brickman, o piloto de elite de “Top Gun” de Tony Scott, o veterano alcoólatra e paralítico do Vietnã em “Nascido em 4 de Julho” de Oliver Stone, o especialista em sinuca em “A cor do dinheiro” de Martin Scorsese, o irmão de um autista (Dustin Hoffman) em “Rain Man” de Barry Levinson, o jovem executivo de “A Firma” de Sydney Pollack ou o marido ciumento imerso no mundo do sexo em “Olhos Fechados” de Stanley Kubrick? Hoje, Tom Cruise parece enfrentar um novo desafio. Ele é produtor e intérprete (ao lado de Penélope Cruz e Cameron Diaz) de “Vanilla Sky” (título inspirado nos céus de tonalidade baunilha de Monet) de Cameron Crowe, a refilmagem de “Abra os olhos” do realizador espanhol Alejandro Amenabar. Nessa comédia dramático-fantástica, ele encarna David Aames, um editor-chefe nova-iorquino sedutor, rico, mas solitário, mesmo tendo muitas aventuras. Após um acidente de carro, ele fica desfigurado e se vê obrigado a usar uma máscara. Ele não teve sorte, acabara de encontrar seu verdadeiro amor na pessoa de Sofia (Penelope Cruz), uma imigrante de dentes longos. “Eu queria trabalhar novamente com Cameron Crowe, explica Tom Cruise. Eu tive excelentes recordações de nossa parceria, cinco anos atrás, em “Jerry Maguire”. Ele é inteligente, humano. Aprecio sua maneira de escrever, sua visão do mundo. Ele é também um excelente diretor de atores. Ele nos incentiva a superar nossos limites. A enfrentar novos desafios, assim, a progredir. Isso me agrada! Cameron nos mostrou, a Paula Wagner (com quem fundei uma empresa de produção) e a mim, “Olhos Abertos”, o filme de Alejandro Amenabar sobre as traições da realidade. O tema nos interessou muito. Nós, então, demos sinal verde para ele. O universo de Amenabar nos fascinou. Produzimos, em seguida, “Os Outros”, um thriller de suspense no qual a heroína é, magnificamente, interpretada por Nicole Kidman”. Tudo se resume a uma história de família. Penelope Cruz, a nova companheira de Tom Cruise depois de seu divórcio com Nicole Kidman, anunciado em janeiro de 2001, pertence também ao universo de Alejandro Amenabar. Na verdade, ela interpretou, na versão original, o personagem de uma jovem e despreocupada sonâmbula. Quando ela soube do projeto de refilmagem, ela naturalmente se interessou pelo papel de Sofia. Após ter seduzido Matt Damon (durante as filmagens de “Si jolis chevaux” – título da versão em francês) e Nicolas Cage (em “Capitão Corelli”), só restava à intérprete de Almodovar (“Tudo sobre sua mãe”) conquistar Tom Cruise. Missão cumprida. Ela interpreta seu papel, nas telas como na vida, com perfeição. Feliz de reviver uma bela história de amor, Tom Cruise se dedicou pessoalmente e inteiramente a este filme. “Viver o papel de alguém desfigurado após um acidente não foi minha primeira motivação, confessa. O que me interessou, contudo, no personagem, era sua evolução constante. Ele se liberta aos poucos de sua letargia, de sua vida de conforto. Ele acorda para uma nova vida tendo consciência de suas responsabilidades em relação a si mesmo e aos outros. Ele, enfim, enfrenta a realidade. Ele se questiona sobre a morte, a fragilidade da existência e do amor. Ele mostra que é preciso viver cada minuto como se fosse o último. Eu acredito completamente nesta filosofia. A felicidade, para mim, é uma vida sem mentiras e uma sucessão de momentos intensos.” A espiritualidade é essencial na vida de Tom Cruise. Aos 17 anos, ele quase virou monge. Viveu durante um ano com os Franciscanos antes de descobrir que tinha se enganado de vocação. Sua busca espiritual e de identidade o conduziu, em seguida, à Igreja da Cientologia, como aconteceu com John Travolta. Ele não gosta muito de falar sobre este acontecimento, mas não discorda de nenhum de seus princípios. Ele avalia que isso é “sua tábua de salvação” após uma infância nômade e traumatizante. Seu pai, engenheiro de eletricidade, alcoólatra e violento, bate nele constantemente usando bastões de beisebol, aterroriza sua mãe e suas três irmãs. Seus pais se divorciaram em 1975. Tom estava com 13 anos. Ele, então, torna-se o chefe da família. Ajuda sua mãe vendendo jornais, passando roupas e, à noite, nos restaurantes. Sem futuro, à deriva, ele quase seguiu o caminho da delinqüência. Ele sonha ser ator desde os cinco anos mas ele é disléxico. “ Eu faço parte da Igreja da Cientologia desde os quatorze anos, diz ele. A igreja ajudou a orientar minha vida. A ter confiança em mim. A confiança em si é a chave do sucesso. A cientologia me ajudou também a me curar da dislexia, a satisfazer minha vontade de aprender, de explorar e de vencer meus problemas existenciais. Mas eu não faço proselitismo. Cada um tem o direito de viver, de crer, como bem queira.” 1TRADUÇÃO
DE ELIZABETH FERNANDA C. BARROS (Obs. ver o texto em francês na seção Artigos deste site: “Tom Cruise tombe le masque.”) |