Theresa Catharina de Góes Campos

  UM LUGAR CHAMADO NOTTING HILL

"Ela pode ser o espelho de meu sonho.(...) deve ser a razão de minha sobrevivência.(...) Eu colherei seu riso e suas lágrimas. (...) O sentido de minha vida é ela."

Comédia romântica sobre o drama da atração amorosa entre pessoas vivendo circunstâncias muito diferentes, "Um lugar chamado Notting Hill" (Notting Hill - EUA, 1999 - de Roger Michell - 120 min.) tem uma encantadora trilha sonora para expressar os sentimentos dos personagens, acompanhando a história, protagonizada por Julia Roberts e Hugh Grant.

Inteiramente filmada na vila de Notting Hill (onde todos os dias há feira), em Londres (Inglaterra).

"O brilho de seu rosto diz que ela precisa de mim. Há sinceridade em seus olhos."

Uma atriz americana famosa, perseguida de forma implacável por fotógrafos e repórteres, encontra-se casualmente com o proprietário de pequena livraria. Eles se apaixonam, mas hesitam em assumir compromisso afetivo porque percebem as muitas dificuldades de seu cotidiano. Nesse aspecto, o filme é bem realista; e quando retrata as desvantagens da fama; assinala, igualmente, as diferenças culturais entre norte-americanos e britânicos.

"Eu vivo em Notting Hill. Você, em Beverly Hills."

Os personagens secundários também se mostram interessantes, humanos, capazes de rir e fazer rir; de conversar, celebrar, partilhar momentos e confidências. Vivem a solidariedade da amizade.

Inscrição no banco de um jardim particular: "Para June, que amava este jardim. Para Joseph, que sempre sentou a seu lado." Observação pronta da atriz sobre essas palavras: "Algumas pessoas passam juntas a vida inteira."

Destaques: produção, direção, elenco, interpretação; roteiro; fotografia; trilha sonora; montagem e locações. A beleza e o charme dos protagonistas. As cenas românticas; os extras; a câmera acompanhando o jovem dono da livraria (Hugh Grant, interpretando o personagem William Thacker) ao caminhar pelo seu bairro no decorrer das estações, em cenas que se sucedem no tempo: sob sol, chuva e neve caindo... As panorâmicas horizontais e verticais; o uso da grua.

"Não tem brilho de sol quando ela vai embora. Não fica quente quando ela não está. Esta casa deixa de ser um lar quando ela vai embora."
A temática principal enfatiza a questão das pessoas trabalharem e conviverem sem que se preparem para decisões afetivas que podem mudar suas vidas em termos de qualidade humana, acrescentando intensidade e uma alegria toda especial. A dificuldade para manifestarem seus sentimentos e tomarem decisões de acordo com o que sentem tão profundamente. A presença marcante do amor, da amizade, do companheirismo. Sonhos e situações inesperadas, desconcertantes, mas possíveis.

"Não conseguirei enxergar o amanhã...(...) Como curar um coração partido? Como impedir a chuva de cair? (...) Como impedir aquele velho sol de brilhar?"

Ambivalência, indecisão e até falta de sinceridade nas pessoas famosas, forçadas a lidar com estranhos...cuidadosamente evitando problemas e até mesmo fingindo, sem falar ou dizendo o que não é verdade. Entretanto, vemos que a sinceridade é uma atitude quase incomum para todos, na convivência social.

"Você diz tudo quando não fala nada."

Não gostei, porém, das cenas perigosas no trânsito, com velocidade e manobras inaceitáveis, por razões românticas e com momentos de riso.

Considerei vulgares algumas cenas e certos gestos e diálogos; assim como os comentários não-éticos sobre Mel Gibson e Meg Ryan.

Retornando às frases sentimentais, comecemos citando dois diálogos que não ocorrem no final do filme:

- "Quem largou quem? (ela, durante jantar no restaurante)
- Ela me largou. (ele)
- Por quê? (ela)
- Porque viu além de mim. " (ele)
(...)
Ela pergunta - "Posso ficar mais um pouco?"
Ele responde sem hesitar - "Fique para sempre."
Vamos a mais citações:
"É muito difícil encontrar alguém que você ame e que amará você."
(...) " É como o amor devia ser. Flutuando num céu azul escuro."
(...) " Essa coisa de fama não é real. Um dia, acaba. Sou apenas uma garota parada na frente de um cara pedindo a ele que me ame."
(...) "É incrível como você, sem dizer uma palavra, fala direto ao meu coração; sem dizer uma palavra, ilumina a escuridão."
(...) "Sem dizer nada ela ilumina a minha escuridão. Ela diz tudo sem falar nada."
(...) " Ela é a razão por que eu vivo, o motivo de minha sobrevivência."
(...) " Onde ela vai eu devo estar."

Theresa Catharina de Góes Campos
 

Jornalismo com ética e solidariedade.