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ZELIG
Filme interessantíssimo do ponto de vista
psicológico e humano, "Zelig" (Zelig - EUA, 1983
- 79 min.) é uma comédia dramática dirigida e
protagonizada por Woody Allen. Na linha de falso
documentário, trata-se de produção realizada em
preto e branco, mas com algumas cenas bem
especiais fotografadas a cores.
Os efeitos técnicos e de montagem precederam,
pioneiramente, os de "Forrest Gump", tão
elogiados.
No elenco: Mia Farrow (no papel da Dra. Eudora
Fletcher), Stephanie Farrow, Garrett Brown, Will
Holt.
Outros destaques: temas e personagens; direção,
interpretação, produção; roteiro e diálogos;
fotografia; e trilha sonora.
De humor satírico, a história se passa entre
1920 e 1930, quando Leonard Zelig seria um
personagem célebre, com personalidade neurótica
e capacidades miméticas, com o poder de se
confundir, imitando as pessoas que encontrava.
De personalidade porosa, ele fisicamente se
transformava, tornando-se a própria pessoa
escolhida como seu reflexo. Uma neurose
manifesta que era aplaudida, lhe trazendo fama,
provocando admiração em todos que presenciavam a
sua metamorfose.
A colagem de filmes noticiosos e uma montagem
perfeita permitem a inclusão, no filme, de
alguns momentos significativos do século XX,
quando Zelig aparece entre diversas
personalidades da época: ao lado do Papa Pio
XII; entre convidados famosos no garden party do
escritor Scott Fitzgerald; ao lado de Hitler; e
muitos outros.
Humorístico e, ao mesmo tempo, dilacerante e
complexo, quando se percebe as razões profundas
que levavam ao comportamento camaleônico de
Zelig. No íntimo, os risos não eram genuínos,
nem fáceis (como pareciam seus trejeitos, suas
caretas, os sotaques e modos de andar
incorporados) porque escondiam dramaticamente
uma angustiante insatisfação/decepção consigo
mesmo. Para ele, apenas os outros eram
interessantes...
Zelig desperta o interesse profissional de uma
psiquiatra que, após estudar o seu caso e
realizar muitas entrevistas e consultas,
consegue fazer com que ele entenda a sua
importância como ser humano único, individual,
com luz e beleza próprias, inconfundíveis.
O tratamento psiquiátrico, um autêntico resgate
daquela prisão que era o seu camaleonismo é,
também, uma história de amor. Médica e paciente
se apaixonam, entretanto, ela não aceita o seu
pedido de casamento enquanto Zelig não se
liberta de seus personagens, tendo amor e
respeito por ele próprio, conhecendo-se como
pessoa, estimando-se, gostando de sua
personalidade, reconhecendo o seu valor.
A Dra. Eudora Fletcher confirma a Zelig: é a ele
que ama, e não, as outras pessoas por ele
imitadas. Promete a Zelig o seu amor quando ele
amar a si mesmo. Indica-lhe o caminho da cura,
salvando-o de seus fantasmas.
Theresa Catharina de Góes Campos
(Obs. Assisti ao filme no cinema, mas pode ser
encontrado em vídeo Warner Home Vídeo e DVD-
USA.) |
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