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(The War Zone)
Um filme de Tim Roth
com Tilda Swinton, Ray Winstone
Lara Belmont
Inglaterra, 1999 - 99 min
Prêmio do júri "Confédération Internationale des Cinémas d'Art
et Essai" na mostra Panorama do Festival Internacional de
Berlin 1999.
Melhor Filme inglês no Festival Internacional de Edinburgo
1999
Prêmio Descoberta Européia do Ano no Festival de Filme
Europeus 1999
Tim Roth indicado Melhor Diretor no Festival de Filmes
Britânicos Independentes - 1999
FICHA TÉCNICA :
Direção: Tim Roth
Roteiro: Alexander Stuart
Produção: Sarah Radclyffe e Dixie Linder
Produtor Executivo: Eric Abraham
Fotografia: Seamus Mc Garvey
Música: Simon Boswell
ELENCO:
Pai: Ray Winstone
Mãe: Tilda Swinton
Jessie: Lara Belmont
Tom: Freddie Cunliffe
Bebê: Megan Thorp
Lucy : Kate Ashfield
Nick: Colin J. Farrell
SINOPSE:
Tom, um adolescente de 15 anos (Freddie Cunliffe), é forçado
a se mudar de Londres, quando sua família vai morar na
cidade rural de Devon. Infeliz e solitário por ter que
deixar seus amigos, ele se torna um observador atento
da própria família. Sua mãe (Tilda Swinton) está grávida,
seu pai (Ray Winstone) é amoroso, mas às vezes abusa dos
gritos e dos berros, e sua irmã mais velha, de 18 anos (Lara
Belmont), tem vida sexual ativa. Mas nada se compara ao
terrível segredo que ele irá descobrir a respeito de seu pai
e de sua irmã. Confuso e cheio de raiva, Tom decide revelar
a verdade.
SOBRE O ROTEIRO:
Este filme é baseado no romance de estréia de Alexander
Stuart. Autor, roteirista e produtor de cinema, Alexander
ganhou fama em 1989, quando Zona de Conflito ganhou o prêmio
de literatura Whitbread, mas, após muita controvérsia, ele
lhe foi negado. Três juízes retiraram seus votos favoráveis
um pouco antes da cerimônia de entrega do prêmio. Apesar de
unanimamente elogiado, julgou-se que o romance dava um
tratamento muito cru e ousado aos temas de incesto e abuso
sexual. Mesmo assim o livro foi
traduzida no mundo todo. Segundo o falecido autor Anthony
Burgess, trata-se de " um livro pungente e chocante,
extraordinariamente bem escrito". Alexander escreveu Zona de
Conflito inspirado na morte de seu filho Joe Buffalo, de
cinco anos de idade.
SOBRE O ELENCO:
Ray Winstone é conhecido por sua marcante performance em Nil
by Mouth, de Gary Oldman. Fez também Escória, de Alan Clark
e Quadrophenia, de Frank Roddam. Após Zona de Conflito
apareceu em A Babá, de Angelica Huston e Fanny e Elvis, de
Kay Mellor.
Lara Belmont, que esteve recentemente no Festival do Rio de
1999 com a produtora Dixie Linder, fez sua estréia
cinematográfica com este filme. Ela tem 17 anos e foi
escolhida enquanto fazia compras num shopping.
Freddie Cunliffe tem 16 anos e também faz sua estréia neste
filme.
Tilda Swinton era uma das atrizes favoritas do falecido
Derek Jarman. Com ele fez Eduardo II, quando faturou o
prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza de 1991. Outros
títulos da dupla são O Jardim, Caravaggio e Requiem de
Guerra. Em 1999 filmou A Praia com Leonardo DiCaprio.
SOBRE O DIRETOR:
Tim Roth
Um dos mais talentosos atores britânicos, Tim Roth faz
sucesso em ambos os lados do Oceano Atlântico. Algumas de
suas participações mais marcantes no cinema estão em "O
Cozinheiro, O ladrão, Sua Esposa e Seu Amante", de Peter
Greenaway; "Rosencrantz e Guildenstern estão Mortos", com
Tom Stoppard (prêmio no Festival de Veneza de 1990) e "Vicent
e Theo, de Robert Altman. Isto além de dois filmes com
Quentin Tarantino - Pulp Fiction e Cães de Aluguel - e um
com Woody Allen "Todo Mundo Diz Eu Te Amo", que lhe deram
fama internacional. Mais recentemente, Tim Roth trabalhou
com Giuseppe Tornatore em "A Lenda do Pianista do Mar".
ENTREVISTA COM O DIRETOR:
- Como resolveu fazer este filme?
O romance de Alex me atingiu como uma estória profundamente
perturbadora e poderosa. Sempre gostei da idéia de fazer um
filme sobre o que os pais fazem aos seus filhos, e eu sabia
que este seria um desafio - não apenas pelo assunto, mas
também porque significava trabalhar com dois jovens no
papéis principais.
- Porque escolheu este tema?
Incesto é um assunto muito importante, mas nos filmes não é
tratado com honestidade. O pai da estória é uma homem normal
na superfície, não é violento ou fruto de um meio ambiente
carente, e isto nos ensina que o incesto não respeita classe
econômica ou social - ele está presente em toda a parte e
seus efeitos são sempre devastadores.
- Você voltou a fazer filmes na Inglaterra?
Voltei, por causa da saída de Margaret Thatcher. Nós nos
livramos dela, e a arte começou a ser encarada com seriedade
novamente. Embora ainda se façam filmes dirigidos ao mercado
americano, começamos a produzir coisas sobre nossa própria
cultura. Voltamos a olhar para dentro de nós mesmos, e isto
é importante. Aos poucos eu fui me sentindo atraído a
voltar. O próprio fato de eu ter conseguido fazer este filme
é uma boa indicação do momento positivo que a Inglaterra
está vivendo.
- Se você fosse buscar financiamento nos EUA, acha que
conseguiria fazer este filme?
Meus instintos me mantiveram afastado dos EUA.
Principalmente porque eu não queria que o dinheiro para o
filme viesse por causa do meu nome.
- Como conseguiu filmar cenas tão cruas de sexo com
atores tão inexperientes? Como sua equipe reagiu?
Tenho orgulho da minha equipe. Contratei pessoas calorosas e
amorosas. Mas certos dias foram bem difíceis. Ray (o pai)
desenvolveu uma grande camaradagem com Lara e Freddie (os
filhos). Mas no dia da cena mais difícil,
houve muitas lágrimas. Aquela cena tinha que ser o que é.
Tivemos que controlar o trauma dos atores e da equipe. Eu
tinha que me lembrar o tempo todo que eles tinham lido o
roteiro antes. Mas a atmosfera ficou bem carregada.
- Você estava preparado para a repercussão que seu filme
teve por conta do tema, incesto?
- Não. O que aconteceu nos EUA foi um debate extraordinário
e simpático. Muitas pessoas se levantavam em meio ao debate
e se diziam vítimas de abuso sexual por parte de parentes
próximos. Mas nenhum parente que molestou os seus até hoje
assumiu publicamente o que fez. Fiz um filme sobre este tipo
de abuso porque quero acabar com isto. E, se você vai tratar
deste tema, você tem que pensar na vítima. Quando ela
assiste ao filme, ela tem que ver que não há enganação de
forma alguma, senão ela vai se sentir aviltada mais uma vez.
Você tem que chegar tão perto da verdade quanto o possível,
considerando que um filme é ficção, é cinema.
- Seu filme oferece alguma solução para o problema
universal do abuso sexual infantil?
Não. Mas meu filme fala a favor das vítimas e faz com que
elas saibam que não são culpadas. Cada caso de abuso é um
caso completamente diferente. Eu consultei especialistas
sobre o assunto e eles me disseram que o abuso sexual
acontece por razões diferentes. Pode ser por abuso de
álcool, drogas ou mau ambiente familiar, ou pelo fato do
violador já ter sido abusado sexualmente antes pela família
ou em presídios. O fato é que o abuso sexual continua a
existir, cada vez mais e mais.
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Tim Roth
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